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    Tostão

    Messi e Cristiano Ronaldo possuem estilos e talentos que se completam

    21/12/2016 02h00

    Não disse que Reinaldo foi um dos maiores centroavantes do mundo de todos os tempos, como estava na chamada do "Bola da Vez", da ESPN Brasil, com o craque. Escrevi, várias vezes, que Reinaldo, se tivesse tido uma carreira longa, sem graves contusões, teria chance, pelos momentos espetaculares que teve no Atlético-MG e também na seleção, de se tornar um dos maiores centroavantes da história. Não chegou a ser.

    A cada ano, o futebol evolui nos detalhes. O que era esporádico e usado por pouquíssimas grandes equipes, como marcar por pressão, de forma agressiva e organizada, com muitos jogadores na saída de bola do goleiro, tornou-se frequente, em 2016, mesmo em times pequenos. Muitos gols têm saído na recuperação da bola, próximo à área. O Barcelona, acostumado a trocar passes desde a defesa, tem tido muitas dificuldades.

    Foi surpresa, mas nem tanto, o susto que o Kashima Antlers deu no Real Madrid. O time japonês sempre joga bem, detém o conhecimento tático e estratégico, mas perde para as grandes equipes. Falta mais talento individual e vivacidade.

    Zidane brilhou ao recuar Casemiro para ser um terceiro zagueiro, já que os dois velozes e hábeis atacantes japoneses davam sufoco nos zagueiros espanhóis. Zidane colocou os laterais à frente, e Marcelo deitou e rolou pela esquerda.

    Cristiano Ronaldo merece o título de melhor do ano, mas discordo de que quem ganhou mais títulos tem de ser sempre o melhor. Futebol é coletivo, e o craque depende do momento do time.

    Os grandes momentos do Barcelona são muito mais encantadores que os do Real, mas o time de Madri é hoje mais sólido, com mais chance de ganhar títulos. Isso ocorre por seus reservas serem muito superiores aos do Barcelona, por fazer também muitos gols de jogadas aéreas e por marcar melhor no meio-campo, com quatro jogadores: Casemiro, Kroos, Mödric e Gareth Bale ou Lucas Vázquez. O Barcelona marca no meio com três jogadores. Quando o Real recupera a bola, Bale ou Lucas Vázquez se tornam atacantes.

    No domingo, enquanto Ronaldo fazia três gols decisivos, Messi executava uma jogada magistral, driblando cinco jogadores em um pequeno espaço. Ele finalizou, e Suárez, no rebote do goleiro, fez o gol. Cristiano Ronaldo e Messi se completam. Pelé era a síntese dos dois. Gostaria de ver um jogo festivo com Messi e Cristiano Ronaldo do mesmo lado.

    Messi é genial, polivalente, fenomenal armador e artilheiro. Cristiano Ronaldo é especialista, o mais completo finalizador do mundo. Messi é um artista, Ronaldo, uma supermáquina. Messi é natureza, Ronaldo é ciência física. Messi é fantasista, Ronaldo, operatório. Messi é uma mistura, em proporções iguais, de habilidade, técnica e inventividade. Ronaldo é técnica quase pura. Messi é mais solidário, Ronaldo é mais fominha. Messi é reservado, reprimido. Ronaldo é narcisista, exibicionista. Messi é pequeno, frágil. Ronaldo é alto, uma fortaleza. Messi é vaidoso para dentro. Ronaldo é vaidoso para fora. Os dois são ambiciosos, perfeccionistas. Messi me encanta mais.

    Quando Messi e Cristiano Ronaldo estiverem mais velhos, jogando peladas de domingo, ficará mais clara a diferença entre os dois. Messi vai dar um show de habilidade. Cristiano Ronaldo vai ser um comum e tradicional centroavante de pelada, que fica parado, geralmente impedido, esperando a bola para empurrá-la para as redes.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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