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    Tostão

    Fim de ano para refletir e se distrair com futebol inglês

    25/12/2016 02h00

    Jorge Guerrero/AFP
    Barcelona's Argentinian forward Lionel Messi looks on during the Spanish league football match Sevilla FC vs FC Barcelona at the Ramon Sanchez Pizjuan stadium in Sevilla on November 6, 2016. / AFP PHOTO / JORGE GUERRERO ORG XMIT: JGO_1975
    Messi, do Barcelona, durante partida do Espanhol neste ano

    Após a devastação dos 7 a 1, o futebol brasileiro vive um momento de desconstrução e reconstrução. Embora a seleção não tenha nada a ver com os clubes, já que todos os titulares atuam fora do país, o sucesso do time brasileiro, se durar até a Copa de 2018, fará muito bem para as equipes do país.

    Já o Brasil, graças ao trabalho da Lava Jato e do Ministério Público, vê momento de devastação do sistema corrupto. Essa etapa é essencial para atingir a fase de desconstrução, reconstrução, para, posteriormente, o país melhorar. Quem sabe a competência passe a ser mais valorizada que os relacionamentos com o poder e a formação de patotas.

    Neste fim de ano, de férias do futebol brasileiro, de solidariedade e de confraternização, mesmo que, muitas vezes, apenas protocolares, a bola não para na Inglaterra. Para quem não vai viajar, como eu, é uma boa distração, além da leitura, do cinema e de tantas outras coisas boas da vida.

    Após 20 anos escrevendo e reescrevendo, diariamente, minhas colunas a mão, contraí uma lesão de esforço repetitivo (LER). Aprendi vários exercícios e estou ótimo, sem dor e sem limitação, para continuar meus rabiscos. Tive receio de ter de mudar de atividade, algo parecido com o que me ocorreu quando, com 26 anos, fui obrigado a parar de jogar devido a problemas no olho.

    Se parasse de escrever, poderia criar um blog ou trabalhar no rádio e/ou na televisão. Ganharia mais e seria mais conhecido. Li, recentemente, o resultado de uma pesquisa em que, para quem busca informações, o jornal impresso é muito menos procurado que o rádio, a televisão, os sites e as redes sociais. Sabia disso, mas não que a diferença era tão grande.

    Com frequência, em minhas caminhadas diárias, alguém me pergunta sobre o que tenho feito. Outro dia, respondi que tinha acabado de escrever um livro. Ele questionou: "Tá na internet?" Muitas pessoas, especialmente jornalistas, acham que sou recluso, por não aparecer na televisão ou na internet. Acham que só existe vida nessas mídias. Às vezes, penso que têm razão.

    Tenho de falar sobre futebol. Nunca disse, como alguns repetem, que, no esplendor técnico de Ronaldinho Gaúcho, ele se comparava a Pelé. Nunca diria essa blasfêmia. Falei, na época, que, se ele mantivesse o altíssimo nível por um bom tempo, seria comparável a Maradona. Naquele momento, Messi começava a brilhar. Hoje, não tenho dúvidas de que, mesmo se Ronaldinho tivesse ganhado cinco vezes o prêmio de melhor do mundo -ganhou dois-, ele estaria abaixo de Messi.

    Discordo do lugar comum de que as baladas foram a causa da queda precoce de Ronaldinho. Podem ter contribuído. Acho que, por seu estilo, com tantos efeitos especiais, sem ter sido um artilheiro, em uma época de supervalorização dos números e dos resultados, ele teria pouquíssima chance de se manter no topo por um longo tempo. A saída do Barcelona foi também determinante. Ele e o clube não tiveram paciência de ultrapassar um mau momento.

    Não poderíamos também fazer o raciocínio inverso, de que, em vez de procurar uma razão para sua queda precoce, não seria mais sensato pensar que os dois anos espetaculares foram exceções e que sua real capacidade técnica era a que mostrou nos outros dez anos, de esporádicos mágicos lances?

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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