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    Tostão

    Enorme sucesso de Guardiola no Barcelona criou exagerada expectativa

    04/01/2017 02h00

    O Barcelona dirigido por Guardiola é um dos grandes times da história, pelos resultados e, principalmente, pela maneira bonita e revolucionária de jogar e pela contribuição que deu para a evolução do futebol.

    Grande número de treinadores de todo o mundo incorporou muitos dos conceitos de Guardiola, que se tornou símbolo do técnico inovador e eficiente.

    Isso gerou também uma enorme expectativa, acima da realidade, sobre seus trabalhos posteriores. A entrevista recente de Guardiola, que disse que está próximo o fim de sua carreira, o que é surpreendente, pois é muito jovem, tem a ver com essa imensa expectativa, que deve incomodá-lo.

    Guardiola fez também um ótimo trabalho no Bayern, onde foi tricampeão alemão, mas não conseguiu formar uma equipe tão espetacular quanto a do Barcelona nem foi campeão da Europa.

    Isso frustrou os alemães, que sonhavam com o super Bayern, campeão de tudo, que uniria a habilidade e a improvisação espanholas com a técnica e a competitividade alemãs. Entre várias coisas, faltou um Messi.

    Guardiola vai bem no Manchester City, mas sem grande brilho. Os ingleses estão também frustrados. Esperavam um time no estilo Guardiola, diferente na maneira de jogar dos outros grandes do país.

    O Manchester City tem tido um número muito maior de derrotas do que tinham Barcelona e Bayern sob o comando de Guardiola. Isso ocorre porque a equipe inglesa não tem tantos jogadores excepcionais e também porque o Campeonato Inglês é mais equilibrado que os da Espanha e da Alemanha.

    Os treinadores são importantes, mas quem define a qualidade e o estilo das grandes equipes são, principalmente, o talento e as características dos principais jogadores, além do DNA futebolístico de cada país.

    O Barcelona, mesmo com Guardiola, não seria tão encantador, com tanta troca de passes e domínio da bola e do jogo se não tivesse Iniesta e, principalmente, Xavi no meio-campo, além de Messi. O fato de ser um time da cidade dos geniais Miró e Gaudí também contribuiu para a beleza do estilo do time.

    O Bayern nunca jogaria no estilo do Barcelona, mesmo com Guardiola, por não ter jogadores com as mesmas características e porque existe, no DNA alemão, mais devoção à técnica e à velocidade para chegar ao gol do que à posse de bola e à troca curta de passes.

    O Manchester City nunca seria um time igual ao Bayern e ao Barcelona, por ter jogadores diferentes e por existir um estilo inglês de ver, de interpretar e de jogar futebol, que, às vezes, incomoda Guardiola, embora haja tantos jogadores estrangeiros.

    Discordo de que os times ingleses não ganham títulos europeus porque se dedicam mais ao Campeonato Inglês e porque, quando chegarem os jogos eliminatórios da Liga dos Campeões, estarão cansados de tanto jogar no fim de ano. É uma grande bobagem. Não ganham porque há equipes superiores, como Barcelona, Real Madrid e Bayern.

    Quem faz mais sucesso no momento entre os badalados treinadores das equipes inglesas é o italiano Antonio Conte, do Chelsea, líder, com 13 vitórias seguidas e que hoje tem um jogo dificílimo contra o Tottenham no clássico londrino. Conte acrescentou um verniz, um extra, uma sabedoria tática italiana às já eficientes organização e disciplina inglesas.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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