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    Tostão

    Chegam jogadores muito bons, bons, medianos e ruins da América do Sul

    15/02/2017 02h00

    Botafogo e Atlético-PR, dois times modestos individualmente, são muito organizados taticamente e têm boas chances de se classificar para a fase de grupos da Libertadores.

    Apesar do déficit nos orçamentos de quase todos os clubes brasileiros –gastam mais do que arrecadam–, eles não param de contratar, especialmente jogadores de outros países sul-americanos. São bem-vindos. Não param de chegar os muito bons, os bons, os medianos e os ruins. Muitos são caríssimos. Alguns são mais indicados por empresários do que pelos analistas de desempenho dos clubes.

    Os marqueteiros dos clubes são muito eficientes. Transformam jogadores medianos em bons e bons em craques. Borja, Berrío, Guerra e outros são bons, mas nem tanto. São tratados como craques consagrados. Borja é o que mais promete pelo grande número de gols que tem feito. Porém, todos estão no Brasil porque não tiveram propostas de grandes ou médios clubes europeus.

    O torcedor do Flamengo está preocupado, porque foi ver Berrío e teve a impressão de que via novamente Marcelo Cirino. São muito parecidos. São altos, fortes, velozes, têm pernas compridas e jogam pela direita. Antes de atuar pelo Flamengo, Marcelo Cirino foi muito bem no Atlético-PR, que aproveitava sua velocidade nos contra-ataques. O mesmo ocorria com Berrio, no Atlético Nacional, da Colômbia.

    O venezuelano Otero e o colombiano Cazares, ambos do Atlético-MG, são bons, mas nem tanto. Cazares é muito habilidoso e faz muitas jogadas de efeito. Porém, possui muitas deficiências técnicas, finaliza mal e, com frequência, toma decisões erradas. Parece melhor do que é. Otero é excepcional nas bolas paradas e nas finalizações. Ponto final. Nos outros fundamentos técnicos, é comum.

    O São Paulo fez uma boa contratação, Pratto, que já está bem adaptado ao futebol brasileiro. Ele é muito bom, mas nem tanto. Escuto todos os dias que Pratto é titular da seleção argentina. É, circunstancialmente.

    Provavelmente, não será mais, já que Agüero e Higuaín são superiores.

    Não são apenas jogadores sul-americanos que são supervalorizados. Quando atuava no Brasil, Jucilei era um volante comum. Ficou cinco anos fora, ninguém o viu jogar e chega como um ótimo reforço para o São Paulo. Melhor que ele é o jovem volante João Schmidt.

    Será que a chegada de tantos jogadores não tira o lugar de jovens com talento das categorias de base, algo parecido ao que ocorre na Europa? Por falar em categorias de base, a seleção brasileira sub-20, pela segunda vez nos últimos três torneios classificatórios, ficou fora do Mundial. Entre seis finalistas, ficou em quinto, atrás da Venezuela. Isso é preocupante.

    O Flamengo possui sete estrangeiros, e os times só podem ter, em cada jogo, cinco, entre titulares e reservas. Dois não poderão nem ficar no banco. Todos querem jogar no Brasil para ganhar dinheiro. É o eldorado.

    Parece até que o país não passa por graves problemas econômicos, sociais, políticos e de violência e corrupção. E ainda tramam contra a Lava Jato.

    Muitos brasileiros querem ir embora. Para onde? O mundo endoidou. Bombas explodem nos metrôs. Imigrantes são proibidos de entrar nos Estados Unidos. Muros são erguidos. A intolerância se alastra. Pasárgada não existe mais.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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