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    Tostão

    Grandes fracassos são motivos para grandes sucessos, mas só um ganha

    16/04/2017 02h00

    Ainda é cedo para conclusões definitivas, mas a Libertadores tem mostrado uma nítida superioridade dos times brasileiros, o que não ocorria nos anos anteriores.

    As razões seriam a contratação dos melhores jogadores das equipes rivais pelos times brasileiros e por pequenos e médios da Europa, além da evolução tática dos times do Brasil.

    No ano passado, havia alguns outros excelentes times sul-americanos, como Atlético Nacional, da Colômbia, e Rosario Central, da Argentina.

    O Palmeiras, individualmente, a melhor equipe da Libertadores, tem vencido alguns jogos com gols nos últimos minutos, com garra e com o apoio maciço de seu torcedor. Por outro lado, vitórias no sufoco são avisos de que o time precisa melhorar, que não pode se iludir com gols isolados e pontuais e que, em vez de incentivar o ambiente de confronto físico, de ganhar no grito, deveria impor sua superioridade técnica.

    Luis Moura/WPP/Folhapress
    Fabiano, do Palmeiras, comemora seu gol em partida entre Palmeiras e Peñarol, na quarta (12)
    Fabiano, do Palmeiras, comemora seu gol em partida entre Palmeiras e Peñarol, na quarta (12)

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    Alberto Raggio/Reuters
    Lionel Messi, da Argentina, comemora seu gol durante partida contra o Chile pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018
    Lionel Messi comemora seu gol durante partida contra o Chile pelas eliminatórias da Copa de 2018

    Mudo de assunto. A seleção argentina sonha com um Tite –Bauza seria um Dunga–, capaz de, em pouco tempo, transformar uma equipe ruim em excelente, derrotas em vitórias.

    Não será fácil, embora isso tenha ocorrido várias vezes na história do futebol, ainda mais quando é boa a qualidade individual. A Argentina possui deficiências individuais na defesa, mas tem muitos jogadores bons, que não atuam bem na seleção. O jovem Dybala é mais uma esperança.

    Apesar de fazer muitos gols e de ter ótimas atuações na seleção, Messi não tem o mesmo esplendor técnico de quando joga no Barcelona. Tenho a impressão de que, se Messi, com seu magistral talento, na seleção, completasse mais os lances individuais, em vez de dar excelentes passes para os companheiros –para Higuaín perder o gol–, o time e Messi teriam mais sucesso. Futebol é conjunto, mas há exceções.

    Neymar, por ser mais individualista e por precisar mostrar, na seleção, que é mais que um excepcional coadjuvante, aproveita a responsabilidade de ser o grande protagonista para se tornar ainda mais espetacular. Neymar aprendeu também, com Tite, com o Barcelona e com Messi, a esperar o momento certo para brilhar individualmente.

    Sampaoli provavelmente vai ser anunciado como técnico da seleção argentina. Se eu fosse presidente da AFA, tentaria contratar Bielsa, professor de Sampaoli e de Guardiola. Os dois tratam Bielsa como mestre, algo raro neste mundo competitivo.

    Nas eliminatórias para a Copa de 2002, a Argentina, sob o comando de Bielsa, foi, disparada, a melhor, como ocorre hoje com o Brasil. No Mundial, a Argentina foi eliminada na primeira fase.

    A próxima Copa seria a grande chance de Bielsa esquecer o fantasma de 2002 e de ficar na história como um genial e louco vencedor.

    Da mesma forma, Messi terá a última chance de ser campeão do mundo, de fazer um gol espetacular, como o de Maradona em 1986, e de se tornar indiscutivelmente o segundo maior jogador da história.

    Acredito muito nos jogadores e nas equipes que precisam reparar importantes derrotas. Além das qualidades individuais e coletivas da seleção brasileira, um outro trunfo na Copa será recuperar o prestígio após o 7 a 1.

    A mesma gana terá a Argentina, que não ganha nada há muito tempo. Os grandes fracassos são grandes motivos para grandes sucessos. Mas só um ganha.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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