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    Tostão

    Estudiosos, jovens técnicos brasileiros ajudam a melhorar nosso futebol

    10/05/2017 02h00

    Hoje, contra o Atlético de Madrid, o Real deve confirmar a vaga na final da Liga dos Campeões. Se isso ocorrer, Cristiano Ronaldo será eleito o melhor do mundo pela quinta vez, igualando Messi. Os craques são escolhidos pelo talento, atuações e títulos conquistados.

    Não foi a superioridade técnica de Cristiano Ronaldo sobre Messi que fez o Real Madrid ter uma campanha superior à do Barcelona na Liga do Campeões. Foi o Real que foi melhor, principalmente por ter reservas de mais qualidade.

    O mesmo ocorre com os treinadores. Os mais elogiados são os que dirigem as melhores equipes e que ganham mais títulos. Óbvio! Muitos técnicos superiores não têm a mesma chance. Guardiola continua brilhante, mas faltou ao Bayern, quando ele era o técnico, um Messi para ganhar a Liga. O Manchester City, por ter um elenco inferior ao do Bayern, não conseguiu o título inglês. Tite faz um trabalho excepcional na seleção mas, se não tiver Neymar, as conquistas serão muito difíceis.

    Bielsa, o mestre de Guardiola e Sampaoli, nunca treinou um grande europeu. Ele é mais admirado pelos conhecimentos e esquisitices do que pelos títulos.

    Os times brasileiros têm mudado a maneira de jogar graças a vários jovens técnicos e a outros mais veteranos, com novas ideias. São treinadores organizados, estudiosos, observadores e criativos, embora tenham grandes dificuldades, por causa dos vícios medíocres acumulados por anos. Os times brasileiros têm procurado defender e atacar com muitos jogadores, seguindo o modelo das melhores equipes do mundo.

    Carile, Zé Ricardo e Roger, que conquistaram, nos estaduais, os primeiros títulos da carreira, além de outros, como Rogério Ceni e Jair Ventura, são técnicos promissores. Infelizmente, serão dispensados durante o Brasileiro se houver uma sequência de derrotas. Deveria haver mais bom senso na avaliação dos treinadores, sem endeusá-los nas vitórias, como nesta semana, nem criticá-los duramente nas derrotas, como se tudo o que ocorre no futebol seja determinado por suas condutas.

    Como disse Bielsa, no seminário promovido pela CBF, na segunda (8), a imprensa usa as mesmas informações e conceitos para elogiar na vitória e criticar na derrota.

    Com frequência, alguém diz algo incorreto ou que foi importante naquele momento, e a maioria, por inércia, repete, por semanas, meses, anos. Há muitas lendas e mitos, criados desde os anos 1960, que continuam repetidas, mesmo sem ter mais sentido. Quem contesta, é ignorado.

    Nós, que falamos e escrevemos sobre futebol, precisamos também evoluir. No clássico mineiro, escutei, durante o jogo, o que foi bastante repetido por pessoas que não viram a partida, que assistiram aos melhores momentos ou que leram na internet, que Roger fez uma grande mudança tática, ao escalar três volantes e Robinho próximo a Fred.

    Não houve nenhuma alteração tática. O volante Elias jogou aberto, como um meia direita, marcando e atacando, o mesmo que outros meias sempre fizeram. A equipe defendeu com duas linhas de quatro, como é habitual. Robinho também atuou como sempre.

    Como disse Mauro Cezar Pereira, da ESPN Brasil, Roger está muito bem no Atlético-MG, porque colocou ordem, razão, no estilo Galo Doido. A loucura é saudável e eficiente, desde que não seja exagerada, doentia.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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