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    Tostão

    Comissões técnicas e jogadores importam mais que esquemas táticos

    23/08/2017 02h00

    Rafael Ribeiro/FramePhoto/Folhapress
    Vinicius Jr.(direita) marca gol em partida do Flamengo

    O Grêmio, por ter uma equipe superior e ter vencido a primeira partida por 1 a 0, tem mais chance de ser finalista da Copa do Brasil. Mas não será uma zebra se o Cruzeiro conseguir a vaga, já que o time joga em casa e tem tido atuações melhores que os resultados. São duas equipes que jogam um futebol moderno, marcam e atacam em bloco e tentam chegar ao gol com muita troca de passes. A diferença está na maior qualidade individual do Grêmio.

    Deveríamos dar mais importância às comissões técnicas (o técnico é parte essencial dela) e ao talento dos jogadores do que aos sistemas táticos, à personificação do treinador, à posse de bola, ao número de finalizações, de desarmes, e a dezenas de outros dados estatísticos. A evolução do futebol não é jogar com ou sem a bola, como se discute tanto. É atacar e defender com muitos jogadores e ser ofensivo e defensivo na mesma partida.

    O Cruzeiro não terá Sassá, que tem atuado bem. O provável substituto deve ser Rafael Sóbis. Os dois são opostos. Sassá é um touro, irregular, extremamente veloz, que não para de correr, para receber o passe na frente ou para trombar com os zagueiros e recuperar a bola. Na mesma partida, tem momentos brilhantes e medíocres. Já Sóbis é o exemplo da sobriedade, regularidade e monotonia. Faz sempre tudo igual. Não erra nem brilha.

    No Grêmio, Luan é o elo entre todos os jogadores do meio para a frente. Deveria ser mais pressionado, quando receber a bola, no setor em que estiver, sem marcação individual. Uma dúvida de Mano Menezes é se o time tenta recuperar a bola mais próximo do gol adversário, evitando as trocas de passes do Grêmio desde a intermediária, o que o time faz muito bem, mesmo correndo o risco de deixar espaços na defesa, para as jogadas em velocidade, com Pedro Rocha. Outra possibilidade é marcar mais atrás, para contra-atacar. Se tomar um gol, o Cruzeiro terá de fazer três. O ideal seria usar as duas estratégias, de acordo com o momento da partida.

    Flamengo e Botafogo disputam a outra vaga na final. O empate com gols favorece o Botafogo. É óbvio que o tempo e o planejamento são importantes para se formar um bom conjunto, mas isso não significa que um técnico, com uma conversa e alguns treinos, não possa fazer mudanças positivas. O Flamengo mostrou evolução nos dois jogos com o novo técnico Rueda. Na primeira partida contra o Botafogo, não permitiu o contra-ataque, a principal qualidade do adversário.

    Após Vinícius Araújo fazer dois gols contra o Atlético-GO, Rueda deve estar em dúvida se o escala desde o início, pelos lados, no lugar de Berrio ou de Everton, que foram poupados no jogo anterior, ou de centroavante, já que Guerrero está em recuperação, Vizeu é discretíssimo, e a outra opção é também um jovem, Lucas Paquetá.

    Vinícius Araújo possui uma enorme velocidade. Se um dia conseguir jogar como fez nas categorias de base, será mais um fenômeno mundial. Ainda não dá para saber se ele tem talento e lucidez para tanto. Está ainda muito agitado, apressado, tentando fazer, de cada jogada, um monumento.

    Para se tornar um craque, além de uma ótima técnica, ele terá de encontrar o momento exato de executar as jogadas decisivas, sem afobação, ansiedade, nem com calma exagerada, passividade, pois a vida não pode esperar.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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