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    Tostão

    Sem Messi e Ronaldo, teremos uma Copa de 2018 menos brilhante

    10/09/2017 02h00

    Neymar, que tinha jogado mal contra o Equador, quase somente pelo centro, onde havia vários marcadores, atuou contra a Colômbia da esquerda para o meio ou pela ponta, onde, com frequência, tinha apenas um defensor para driblar. Quase todas as boas jogadas ofensivas saíram de seus pés. Em partidas equilibradas, seu talento será essencial, o que não significa que o Brasil não possa ser campeão sem ele. Porém, é muito menos provável.

    Na história, vários times e seleções ganharam títulos sem seu principal craque. Na Copa de 1962, Pelé se contundiu, mas o time tinha outro fenômeno, Garrincha, que jogou por ele e por Pelé.

    Se Pelé não tivesse jogado em 1970, a equipe perderia muito, mas, pelos craques que tinha, como Rivellino, Gerson e Jairzinho, as chances ainda seriam boas. E havia ainda na frente um cabeçudo –apelido dado por Nelson Rodrigues em uma crônica–, que facilitava para os companheiros.

    Terrível é a situação da Argentina, que corre risco de não ir ao Mundial, que depende demais de Messi, que jogou nos últimos jogos infinitamente menos que pode. Nos times que atuam bem com três zagueiros, como era o Chile, com Sampaoli, os alas, bastante avançados, fazem duplas com meias e atacantes pelos lados. Na atual Argentina, os alas jogaram isolados, e Dybala e Messi a mesma posição, recuados pelo centro.

    O problema da Argentina não é apenas tático. Os defensores e o goleiro são bons, porém, comuns. O conceito de quatro anos atrás, que a Argentina era superior ao Brasil do meio para frente, não é mais verdadeiro. Di María vive de esporádicos lances individuais. Dybala não achou seu lugar. Agüero e Higuaín, que são destaques em seus clubes, quase sempre jogaram mal pela seleção e não têm sido escalados.

    A Alemanha, que jogou desde a Eurocopa com três zagueiros, atuou na goleada sobre a Noruega com dois zagueiros e dois laterais. O técnico escalou os melhores jogadores, e o time foi brilhante. Já tem um bom centroavante, o jovem Werner, que jogou muito bem a Copa das Confederações e as últimas partidas.

    A França tem excelentes jogadores, porém, possui uma deficiência importante, o técnico Deschamps. Confuso, escala e substitui mal. Se na Copa a França tiver Benzema, que é muito superior a Giroud, e se o técnico escalar os jovens Dembélé e Mbappé, ficará muito forte.

    A Espanha, tida como decadente após os fracassos no Mundial de 2014 e na Eurocopa, recuperou o bom futebol, com a evolução dos jogadores mais adiantados (Isco, David Silva e Morata). Isco, aos poucos, tem se tornado estrela do Real Madrid, da seleção e do mundo.

    A Copa-2014 foi muito boa e a próxima deverá ser ainda melhor, devido ao crescimento de vários excepcionais jogadores e do aperfeiçoamento das estratégias. Os times defendem e atacam com muitos jogadores. São ofensivos e defensivos. Torço para que Portugal e Argentina se classifiquem. O Mundial, com Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar, será muito mais brilhante.

    COPA DO BRASIL

    No empate entre Flamengo e Cruzeiro, me chamaram a atenção a habitual lentidão e a excessiva discrição de Sóbis, a falta de técnica de Berrío, que compete com sua velocidade e força física, o erro do goleiro Thiago, que não foi surpresa, e a brilhante atuação de Fábio.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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