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    Tostão

    Os brilhantes jogadores da seleção evoluíram porque atuam nas melhores equipes do mundo

    05/11/2017 02h00

    Diferentemente da época de Dunga, os jogadores brasileiros que atuam na Europa têm, na seleção, com Tite, ideias e estratégias parecidas com as que estão acostumados. Na seleção e em seus clubes, mantêm suas características individuais e têm funções coletivas quase idênticas.

    Nas grandes equipes europeias, há um número maior de excepcionais meias, organizadores e que atuam de uma área à outra, enquanto na América do Sul, especialmente no Brasil e na Argentina, existem mais meias e atacantes habilidosos, dribladores, excelentes nos confrontos individuais, próximos da área.

    Não significa que a maioria dos meio-campistas europeus e dos meias e atacantes brasileiros sejam excepcionais. Os poucos especiais estão nas seleções. Nos times brasileiros, proliferam meias e atacantes com essas características, mas com pouca técnica e lucidez. De vez em quando, têm brilharecos e são endeusados.

    O predomínio de jogadores com características diferentes tem a ver com a divisão que houve no meio-campo, no futebol brasileiro, tempos atrás, entre os volantes que marcam e os meias ofensivos que entram na área.

    Uns não se misturam com os outros. Desapareceram os grandes meio-campistas. Com isso, a transição da bola da defesa para o ataque passou a ser feita por meio de chutões e de avanços dos laterais. Já na Europa, os laterais avançavam menos, e os jogadores de meio-campo foram formados para marcar, apoiar, trocar mais passes e ter o domínio do jogo.

    Isso tem mudado. Os europeus estão mais preocupados em formar meias e atacantes habilidosos, dribladores, próximos da área rival. Já há vários excelentes, como Hazard, da Bélgica, Sané, da Alemanha, Isco, da Espanha, Sterling, da Inglaterra, Mbappé, da França, e outros. No Brasil, aumentou o número de ótimos meio-campistas, embora ainda falte um craque neste setor, no nível dos melhores do mundo.

    O futebol está globalizado, mas há ainda diferenças marcantes entre os continentes e em cada país de um mesmo continente. As características individuais precisam ser conservadas. Por outro lado, clichês deveriam ser esquecidos, como o de que o Brasil precisa voltar a jogar como nos anos 1960, que os times brasileiros estão ruins porque copiam os europeus e que os jovens brasileiros vão para a Europa e perdem a ginga e a habilidade.

    Os brilhantes jogadores da seleção evoluíram porque atuam nas principais equipes europeias, ao lado de craques.

    As coisas mudaram nos últimos dois anos. A geração atual, que era criticada, corretamente, é agora elogiada, merecidamente. A carência de um ótimo centroavante foi preenchida por Gabriel Jesus. Jogadores evoluíram em seus clubes e na seleção, além de outros, que já tinham prestígio mundial e continuam em forma.

    O ideal é unir o talento individual com o coletivo, o drible com o passe, a improvisação com a técnica e a lucidez. Grandes times e seleções, como a brasileira, já fazem isso.

    INCERTEZAS

    Pela lógica e pelo momento atual do Palmeiras, em ascensão, e do Corinthians, em queda e em pânico, há mais chances de o Palmeiras vencer, mesmo no estádio do Corinthians. Porém, pelas incertezas do futebol e pelas imprevisíveis reações humanas, não será surpresa se o Corinthians vencer e reencontrar seguidas vitórias.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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