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    Tostão

    Leitores e telespectadores querem saber detalhes de equipes estrangeiras

    10/12/2017 02h00

    Franck Fife/AFP Photo
    Ossada suspeita de ser de João Leonardo da Silva Rocha, morto na ditadura militar, é exumada em Palmas do Monte Alto (BA)
    O jogador francês Mbappé, que atua pelo Paris Saint-German

    Na vitória por 3 a 1, do Bayern sobre o PSG, em Munique, pela Liga dos Campeões da Europa, os três grandes destaques foram franceses. Pelo Bayern, o volante Tolisso, autor de dois gols, e o atacante pelos lados Coman. Pelo PSG, Mbappé. Neymar e Daniel Alves tiveram fracas atuações.

    No primeiro jogo entre os dois times, o PSG venceu por 3 a 0. As duas equipes, mais Barcelona, Real Madrid e Manchester City, são as mais fortes candidatas ao título.

    A França é o país que mais revelou ótimos jogadores, após a Copa de 2014. Além de Mbappé, Tolisso e Coman, estão na seleção o zagueiro Umtiti, do Barcelona, que faz dupla com Varane, do Real Madrid, o volante Kanté, um dos destaques do Chelsea e do futebol mundial, o atacante pelos lados Dembélé, contundido, contratado pelo Barcelona, e outros.

    Griezmann, do Atlético de Madrid, e Pogba, do Manchester United, titulares no Mundial de 2014, evoluíram e estão entre os melhores do mundo em suas posições.

    Os problemas da França estão no técnico e no centroavante. Deschamps é confuso e não sabe, com tantos bons jogadores, como escalar o time.

    O ótimo centroavante Benzema não é chamado, por causa de problemas que teve ou tem na justiça. Se fosse assim, alguns jogadores de outros países não estariam nas seleções. O grandalhão Giroud, artilheiro e excelente nas jogadas aéreas, é muito limitado em outros fundamentos técnicos.

    É lógico e esperado que as boas atuações de jogadores brasileiros na Europa sejam elogiadas. Mas sem distorcer os fatos. Leitores, ouvintes e telespectadores, como eu, querem também conhecer os detalhes técnicos e a história de times e seleções de outros países. Um fala, escreve, e outros repetem. São os comentaristas de Twitter. Não é só o Brasil que tem ótimos jogadores.

    DONO DO MUNDO

    Durante o julgamento de Marin, nos EUA, o delator e empresário J. Hawilla, que dominou o mundo dos negócios do futebol sul-americano por muito tempo, com influência até nos Estados Unidos, acusou, com áudios gravados, o ex-presidente da CBF, o atual, Del Nero, e o antecessor de Marin, Ricardo Teixeira, de terem recebido milionárias propinas. A última teria sido em 2013.

    J. Hawilla fez um acordo com a Justiça americana para pagar 151 milhões de dólares. Já devolveu 45 milhões. Essa volumosa quantia é um retrato do absurdo tamanho da corrupção no futebol.

    Segundo J. Hawilla, uma das contrapartidas dos dirigentes para receber a propina era escalar todos os titulares nos amistosos. Isso mostra como os técnicos são pressionados.

    Na Copa América de 1999, no Paraguai, cheguei ao hotel da seleção, antes da final contra o Uruguai, para trabalhar como comentarista. Havia uma multidão e muito tumulto no hall, com a presença de torcedores, dirigentes e empresários. A fila para o check-in era enorme.

    Aí, chegou J. Hawilla, que se ofereceu para agilizar meu check-in e disse que, se eu precisasse de qualquer coisa, era só falar com ele. Parecia o dono do hotel, da competição, do mundo. Pelo jeito, era mesmo.

    Quase aceitei, por comodidade. A vida tem muitas tentações. Continuei na fila. Corrupto gosta de fazer favor para receber algo em troca, mesmo que seja o silêncio. "É dando que se recebe" é uma maneira de propagar a corrupção, que destrói o país.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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