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    Tostão

    No futebol existem os artilheiros, os craques-artilheiros e os indefinidos

    31/12/2017 02h00

    Phil Noble/Reuters
    O brasileiro Roberto Firmino comemora uns de seus dois gols na vitória do Liverpool sobre o Swansea por 5 a 0, no Anfield, pelo Inglês
    Roberto Firmino comemora uns de seus dois gols na vitória do Liverpool sobre o Swansea por 5 a 0

    Manchester City, PSG, Barcelona e Bayern dispararam na liderança dos campeonatos nacionais. O City, dirigido por Guardiola, é o que tem jogado melhor. Seria ótimo para o futebol se os treinadores de todo o mundo adotassem algumas das inovações de Guardiola. Isso raramente ocorre, por orgulho, por inveja e/ou por convicções técnicas e táticas. O novo, o diferente, incomoda e assusta, ainda mais quando vem dos outros, um concorrente.

    Os centroavantes brasileiros ou estrangeiros continuam bastante desejados, valorizados. Eles são importantes, mas existe um equívoco, uma ilusão, entre os dirigentes, técnicos, torcedores e jornalistas esportivos, de que resolvem quase tudo, mesmo quando há marcantes deficiências em outras posições.

    Os melhores centroavantes do mundo (Cristiano Ronaldo, Lewandowski, Keane, Suárez, Cavani, Agüero, Ibrahimovic e outros) são os que, além de fazerem muitos gols, possuem talento, habilidade, mobilidade e velocidade, participam do jogo coletivo e ainda pressionam os zagueiros na saída de bola.

    Firmino tem atuado muito bem e quase garantiu sua convocação para a Copa. Alguns apressados já falam que ele deveria ser o titular, já que Gabriel Jesus está na reserva do City. São os mesmos apressados que, meses atrás, compararam Gabriel Jesus a Ronaldo. Jesus é muito bom centroavante, pode evoluir, mas a distância é abissal.

    Nessa mania de comparação, quem é melhor: Cristiano Ronaldo, Romário ou Ronaldo? O português tem uma carreira de esplendor técnico muito mais longa e regular, de mais marcas e conquistas, mas Ronaldo e Romário me fascinaram mais. Não sei quem foi o melhor. Entre Ronaldo e Romário, dá empate. Melhor que os três é Messi, por ser magistral, como armador e atacante.

    Em minhas caminhadas diárias, encontro, com frequência, com um atleticano, sapateiro. Ele me disse que o Atlético-MG passou a perna no Cruzeiro, por não ter de pagar mais o altíssimo salário a Fred e ainda por receber R$ 10 milhões. Se Fred fizer muitos gols, ainda mais contra o grande rival, os cruzeirenses falarão que a Raposa deu o tombo no Galo.

    Fred será um grande reforço. Porém, o custo é enorme, incompatível com a realidade brasileira, além dos riscos aumentados de contusões e de queda de qualidade. Se Fred tivesse mais habilidade, mobilidade e velocidade, seria um dos grandes atacantes do futebol mundial, pois é inteligente, se posiciona muito bem e tem enorme técnica para finalizar.

    Outro centroavante que brilhou por pouco tempo foi Adriano. Se ele tivesse sido ajudado pelos "amigos" e tratado seus problemas psicológicos e vícios com regularidade, continuidade, por médicos e psicólogos, em vez de tantos tapinhas nas costas, bajulações e badalações, ele teria chance de ter jogado as Copas de 2010 e de 2014 e até estar ainda em forma.

    Tite está de olho nos centroavantes e em todos os atletas. Ele teria dito, recentemente, que, se tivesse tempo, experimentaria Marcelo no meio-campo. Sugeri isso há um ano, sem ter nenhuma certeza de que daria certo.

    Concordo com Tite que está em cima da hora, apesar de que, no futebol, grandes times se formaram de supetão, o que não significa que foi por acaso, tirado do nada. Muitos conhecimentos são armazenados e processados no inconsciente e, de repente, sem avisar, são pensados e racionalizados. Explodem.

    tostão

    Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
    e aos domingos.

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