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    Uirá Machado

    O ano que vem será ao mesmo tempo duro e ótimo para a imprensa

    30/12/2017 02h00

    Raphael Satter/Associated Press
    This photograph taken in Paris Friday Dec. 2, 2016 shows stories from USA Daily News 24, a fake news site registered in Veles, Macedonia. An Associated Press analysis using web intelligence service Domain Tools shows that USA Daily News 24 is one of roughly 200 U.S.-oriented sites registered in Veles, which has emerged as the unlikely hub for the distribution of disinformation on Facebook. Both stories shown here are bogus. (AP Photo/Raphael Satter)? ORG XMIT: PAR109
    Reprodução de sites de notícias falsas

    SÃO PAULO - O ano prestes a começar será muito duro para o jornalismo. As informações circulam num ecossistema já contaminado, e a presença de germes nocivos se intensificará com as eleições.

    A lista de agentes infecciosos inclui notícias falsas, propagandas disfarçadas, crimes contra a honra, câmaras de eco, robôs virtuais e filtros invisíveis nas pesquisas, entre outros elementos tóxicos das redes sociais.

    Justamente por tudo isso, 2018 também pode ser ótimo para a imprensa.

    Em artigo no jornal "USA Today", o professor de direito Glenn Harlan Reynolds, da Universidade do Tennessee, faz interessante analogia entre o atual estágio da internet e o momento em que os seres humanos passaram a viver em cidades.

    Enquanto eram caçadores e coletores, homens e mulheres corriam pouco risco de pegar doenças infecciosas, pois raramente encontravam alguém desconhecido. Quando as urbes reuniram milhares ou dezenas de milhares de pessoas, porém, a coisa mudou de figura e as epidemias se tornaram uma realidade. A contaminação ocorria num piscar de olhos.

    Vale a comparação com a circulação de ideias na internet. Antes, a informação se disseminava lentamente; agora, ela se espalha como um raio, sem que se veja de onde veio e para onde vai. Nesse ambiente, os agentes infecciosos das redes sociais estão entre os que mais proliferam.

    O controle de doenças nas cidades demandou saneamento, aclimatação e melhorias na alimentação.

    Na internet, algo parecido deverá acontecer. Mecanismos de saneamento estão fora de cogitação, pois seriam tomados por censura. Os usuários da rede aos poucos se acostumam com o ambiente virtual.

    Quanto à alimentação, o jornalismo tem condições de oferecer as melhorias, produzindo conteúdo de qualidade. Quem quiser informações confiáveis para fazer suas escolhas perceberá que a imprensa profissional é sua aliada. E nada melhor que um ano conturbado para isso ficar claro.

    uirá machado

    Bacharel em direito e em filosofia, é editor da 'Ilustríssima'. Foi editor de 'Opinião', repórter de 'Poder' e coordenador de Artigos e Eventos

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