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    Vaivém

    Com inverno úmido, pecuaristas reduzem oferta de boi e elevam preço

    04/07/2013 03h00

    O preço do boi gordo está contrariando a lógica do mercado neste inverno. Ontem, a arroba atingiu R$ 102 em São Paulo, em média, segundo a Informa Economics FNP.

    A alta é de 1% no dia e de 4% nos últimos 30 dias. Em um ano, o aumento é de 10% -em igual período de 2012, a arroba estava em R$ 93.

    Tradicionalmente, os meses de junho, julho e agosto são marcados por queda de preço devido ao aumento na disponibilidade de animais para o abate. Com o início do período seco, as condições das pastagens pioram e estimulam a venda dos animais.

    Neste ano, no entanto, o inverno mais úmido permite que os produtores segurem as vendas, o que reduziu a oferta de bois aos frigoríficos.

    A demanda da indústria, por sua vez, continua alta.

    A exportação de carne "in natura" subiu 18% em junho, ante o mesmo período do ano passado, segundo a Secretaria de Comércio Exterior.

    No mercado interno, o emprego e a renda se mantêm em patamares elevados, sinalizando consumo em alta.

    Para José Vicente Ferraz, diretor técnico da Informa Economics FNP, a alta do boi nesta época do ano indica que a aguardada recuperação do rebanho e os ganhos de produtividade podem não ter ocorrido como o esperado.

    Nesse caso, a pressão sobre o preço não seria apenas pontual, mas conjuntural, o que traz preocupações para o médio e o longo prazo.

    "Os investimentos na atividade não estão crescendo, o que pode causar um desequilíbrio [entre oferta e demanda] importante no futuro que pode onerar o consumidor."
    Segundo ele, o aumento de custos reduziu a rentabilidade do pecuarista e desestimulou novos investimentos.

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    Queda de braço O setor da laranja sofreu duas derrotas ontem em Brasília. A primeira afeta mais a indústria de suco: o governo concedeu novo prazo para que seja cumprida a determinação de aumento do percentual de suco na bebida para que ela seja considerada néctar.

    Prorrogado As empresas que envazam o suco terão 18 meses para elevar a mistura para 40% e mais 12 meses para chegar a 50%. Em agosto de 2012, o governo deu seis meses para o néctar levar 50% de suco. O prazo já havia sido prorrogado e venceria novamente no mês que vem.

    Segunda derrota Esta afeta mais os produtores: está descartada a manutenção do preço mínimo para laranja.

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    Argentina trava embarque e sustenta preço do trigo

    O preço do trigo continua em alta no mercado interno. Nos últimos 30 dias, a saca de 60 quilos subiu 7,8%, atingindo R$ 41 ontem, segundo pesquisa da Folha. Em 12 meses, a valorização é de 49%.

    Além da menor produção brasileira, a Argentina -principal fornecedor do Brasil- está travando as exportações.

    Segundo Renata Maggian, analista do Cepea, o governo argentino cancelou contratos de exportação para garantir o abastecimento interno, dificultando as compras dos moinhos brasileiros.

    Para ela, as cotações só devem ceder a partir do quarto trimestre, com o avanço da colheita no Brasil.

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    Efeito Egito
    Petróleo tem maior valor em 14 meses em NY

    A tensão política no Egito impactou o preço do petróleo. Ontem, em Nova York, o barril fechou a US$ 101,24 -o maior valor em 14 meses.

    A violência no país causa preocupações sobre o fluxo de navios no canal de Suez, um dos pontos mais importantes para o comércio de petróleo.

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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