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    Vaivém

    Decisivo, fevereiro deve ter chuva insuficiente

    DE SÃO PAULO

    04/02/2014 03h00

    TATIANA FREITAS (interina)

    Fevereiro será decisivo para a agricultura. A estiagem de dezembro e janeiro aumentou a preocupação sobre o clima em um mês muito relevante para o desenvolvimento das lavouras.

    E as notícias não são animadoras. Celso Oliveira, meteorologista da Somar, diz que o clima não mudará nas três primeiras semanas deste mês. As temperaturas vão continuar muito elevadas, e as chuvas, abaixo da média.

    "Há expectativa de chuva entre os dias 20 e 28, mas não será suficiente para reverter o cenário de semanas e meses anteriores", afirma.

    A previsão vale para quase todo o país, do Rio Grande do Sul à Bahia. As exceções são Mato Grosso, líder na produção de soja, que tem até chuva forte em algumas áreas, a região amazônica e o Nordeste (acima da Bahia).

    No resto do país, a produção de diversas culturas corre o risco de sofrer perdas relevantes por causa do clima.

    A maior preocupação envolve a produção de café. No sul de Minas Gerais, choveu o equivalente a 60 milímetros em janeiro, muito abaixo da média histórica para o mês, de 500 milímetros, segundo Marcos Fabri, coordenador regional da Emater-MG.

    Ele diz que o solo não teve umidade suficiente para receber a adubação, o que reduziu a quantidade de nutrientes nas plantas. Devido ao forte calor, as folhas estão sendo oxidadas e, onde houve plantio, muitas mudas não resistem ao clima.

    "Ainda não é possível quantificar as perdas, mas elas certamente vão ocorrer e serão irreversíveis para 2014 e 2015", diz Fabri.

    Ontem o mercado voltou a reagir ao calor e à seca no país. O preço do café avançou 8,6% em Nova York, acumulando 19% em sete dias.

    A tensão também atinge o mercado de açúcar. Segundo Julio Maria Borges, da Job Economia, em janeiro choveu cerca de 50% do volume normal na região centro-sul. "A cana que será colhida em abril recebeu 15% menos água do que o normal durante o seu desenvolvimento até aqui. É muito relevante."

    No caso da soja, o clima não ameaça a produção recorde porque as condições climáticas em Mato Grosso foram muito boas. A preocupação recai sobre o Rio Grande do Sul e a Bahia, onde o desenvolvimento das lavouras está em um estágio decisivo.

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    Vendas de fertilizantes aumentam 5% em 2013

    As indústrias de fertilizantes entregaram 31,08 milhões de toneladas de produto aos agricultores brasileiros no ano passado. Esse volume, nunca registrado antes, superou em 5% o de 2012.

    Para atender à demanda crescente dos produtores nacionais, o setor importou 21,7 milhões de toneladas de fertilizantes intermediários.

    Carlos Florence, diretor-executivo da AMA (Associação dos Misturadores de Adubos), diz que a grande demanda veio da soja, produto que teve a área elevada para 29,5 milhões de hectares em 2013, o que deve garantir uma safra recorde, acima de 90 milhões de toneladas.

    Mato Grosso, líder na produção de soja no país, destacou-se na compra de fertilizantes, segundo Florence. Ele ressalta ainda a importância do milho, da cana e do café.

    Detentor da principal área de cana-de-açúcar no país e de boa área de café, São Paulo foi o segundo maior comprador de fertilizantes.

    "Foi um ano positivo para todos", diz o executivo. As indústrias tiveram demanda maior e os produtores chegaram a pagar –principalmente de setembro a novembro– menos em dólares.

    "É muito cedo para estimativas para 2014, mas este ano não será muito diferente do que foi 2013", diz Florence. O produtor está capitalizado e a demanda vai continuar.

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    BALANÇA COMERCIAL

    Exportação de açúcar cai 23% em janeiro

    O açúcar foi um dos destaques de queda nas exportações de matérias-primas brasileiras em janeiro. A média diária dos embarques caiu 23% ante o mesmo mês de 2013, informou ontem a Secex. Já as exportações de petróleo em bruto subiram 135% na mesma comparação, e as de minério de ferro, 10%.

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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