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    Vaivém

    Apesar de fábrica, cápsulas de café ainda enfrentam barreiras

    18/12/2014 02h00

    O Brasil entra em um novo estágio no setor de cafés com as anunciadas produções de cápsulas no país. Mas um dos problemas básicos para essa produção, o da importação de café verde, ainda persiste.

    Para fazer o blend das cápsulas, a indústria utiliza cafés de qualidade de vários países. Mas a legislação brasileira impede a importação.

    Esse jogo de força entre indústrias e produtores vem de longa data. Enquanto isso, o país reduz as exportações de café torrado e moído e aumenta as importações.

    O Brasil terá de buscar uma saída para a questão, mas, como ocorre entre produtores e indústrias, há divergências dentro do próprio governo.

    A importação de cápsulas pelo Brasil deverá atingir 450 milhões de unidades neste ano, 50% mais do que em 2013, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
    Indústrias e produtores dão os motivos para fincar pé em suas posições. João Lopes Araújo, produtor e presidente da Assocafé (Associação dos Produtores de Café da Bahia), diz que a importação de café verde pelo país
    vai afetar o mercado interno, nivelando os preços internos pelos menores valores pagos do mercado internacional.

    Lopes diz que o problema não é a entrada do café estrangeiro, mas as condições em que ele é produzido. A produção brasileira tem custos inexistentes nos demais países produtores.

    Entre os custos do país, ele cita a legislação trabalhista brasileira, a tributação e os juros pagos pelo setor.

    Esses são custos que nenhum outro país tem, o que torna os preços do café conillon do Vietnã e o arábica da América Central inferiores aos do Brasil, segundo ele.

    Lopes teme que as indústrias passem a importar mais o produto externo, que pode ser competitivo com o brasileiro nos preços, mas não o é em custos.

    Sydney Marques de Paiva, presidente-executivo do Café Bom Dia, diz que essa polêmica só existe por desinformação do que o país perde com essas importações. Não se destaca o que o Brasil deverá ganhar.

    Ele propõe uma mesa de discussão entre todos os envolvidos e uma avaliação de todos os aspectos. "É preciso colocar regras nas importações", afirma.

    Segundo Marques, a indústria só quer café de qualidade. E pouco, para fazer o blend. O restante utilizado será café brasileiro. "Podemos estabelecer regras específicas para as importações, inclusive com valores e patamares de qualidade."

    "O que não é justo é uma indústria brasileira, para ter de competir no próprio mercado, ser obrigada a manter mais outra indústria em outro país." A Bom Dia tem uma fábrica em Seattle, nos Estados Unidos, onde importa cafés de outros países para fazer o blend de sua bebida.

    Na avaliação de Marques, o país poderia ser uma plataforma de valores agregados. Não tem sentido o país exportar apenas matéria-prima, afirma ele.

    Além disso, o Brasil está mandando empregos, indústrias e investimentos para fora. Ele estima que, em sete ou oito anos, o Brasil, maior produtor mundial de café, terá deficit na balança comercial do setor se esse ritmo de importações se mantiver.

    Pedro Lima, presidente do Grupo 3corações, empresa que deve iniciar a fabricação de cápsulas no país, diz que o produtor demanda cada vez mais um café personalizado.

    O mercado de cápsulas é tão crescente que a empresa programou vender 100 mil máquinas neste ano, mas poderá atingir 200 mil.

    Enquanto a fábrica brasileira, que será em Minas Gerais, não inicia a produção -o que deverá ocorre no início de 2016-, as cápsulas da empresa vêm da Itália.

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    Efeito Rússia O trigo teve alta de 4% nesta quarta-feira (17) na Bolsa de commodities de Chicago. O primeiro contrato subiu para US$ 6,49 por bushel (27,2 quilos) devido à possibilidade de a Rússia restringir as exportações do país. Os russos são o quarto maior vendedor do cereal no mundo.

    Preços O efeito da redução do preço do frango nas granjas já chega ao bolso do consumidor e aos índices de inflação. Após 12 semanas de alta, a Fipe indica a primeira queda nos preços do produto.

    Segunda geração A Raízen inicia a operação de sua primeira unidade de etanol de segunda geração. Esse combustível da companhia será destinado à comercialização no Brasil. Localizada em Piracicaba (SP), a indústria tem capacidade para 40 milhões de litros de etanol celulósico por ano.

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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