Beneficiada pela demanda chinesa, Eldorado aposta na viabilidade do aumento de produção de celulose em Mato Grosso do Sul
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Tuesday, 14-May-2024 17:57:05 -03Vaivém
Ouro Verde
21/02/2015 02h00
As exportações de celulose somaram 10,6 milhões de toneladas em 2014, 13% mais do que em 2013. Apesar do cenário macroeconômico incerto, o de celulose, principalmente o de fibra curta, passa por bom momento. A demanda cresce, o preço aumenta e o Brasil tem um papel importante no cenário mundial.
O crescimento da demanda por celulose de fibra curta, matéria-prima para a produção de papel higiênico, toalha de papel e outros produtos de uso sanitário, é de 1,3 milhão a 1,5 milhão de toneladas por ano.
O Brasil é responsável pelo fornecimento de 60% a 70% dessa nova demanda, enquanto a China responde por 70% dessa evolução.
A avaliação é de José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado Brasil, ligada à J&F Investimentos S.A. Para ele, as empresas brasileiras, apesar do aumento da oferta interna de produtos, estão bem posicionadas no mercado mundial, devido a custos menores de produção.
O setor é preponderantemente exportador e, com a nova realidade do câmbio, o cenário fica ainda mais favorável. Grubisich diz que "o preço líquido das exportações subiu de US$ 550 por tonelada, em maio de 2014, para os atuais US$ 590". No caso da Eldorado, os custos são 80% em reais, e as receitas, 100% em dólares, afirma.
Com base nessa avaliação do mercado, Grubisich acredita que a Eldorado, uma das mais jovens do setor, consiga um equilíbrio financeiro já neste ano e chegue, a partir de 2016, a um lucro líquido.
Além do cenário internacional favorável, o executivo destaca dois pontos para maior eficiência da Eldorado. A partir de abril, a empresa começa a operar o terminal próprio de Santos, com redução de custo de R$ 50 por tonelada movimentada.
A redução de custos da empresa passa ainda pela utilização de madeira apenas da região de Três Lagoas (MS), onde está a fábrica. Neste primeiro trimestre, a Eldorado ainda vai receber madeira do Estado de São Paulo.
Em seguida, a Eldorado concentra o fornecimento de madeira em um raio de 120 quilômetros da empresa e a área de eucalipto somará 260 mil hectares no final de 2015.
China
Um dos pontos favoráveis para o mercado tem sido a China. O setor de celulose não sente o impacto da desaceleração da economia. Ao voltar-se para dentro e incentivar o consumo, a China mantém aquecida a venda de derivados de celulose.
Já a Europa, um mercado importante para esse setor, merece um olhar com mais cuidado. "Para nós, importa mais a taxa de câmbio do que o crescimento da economia. Vendemos a celulose em dólar e, como a moeda do bloco europeu está se desvalorizando, a nossa celulose passou a ter um aumento significativo de preços em euro." E esse setor está com as margens apertadas, diz Grubisich.
A produção de celulose da Eldorado será de 1,65 milhão de toneladas neste ano. A empresa prepara uma segunda linha de produção, ao lado da já existente. Quando efetivada, a partir de 2018, a produção ficaria em 2,3 milhões de toneladas acima da atual.
Pronto o projeto de engenharia básica, a empresa faz a cotação de equipamentos e a estruturação financeira.
Apesar da situação complicada da economia brasileira, Grubisich acredita que "até o terceiro trimestre estaremos com a oferta dos fornecedores e com a estruturação do pacote financeiro prontas. Aí vamos tomar a decisão final".
O projeto envolve R$ 10 bilhões e deverá ser formado com R$ 4 bilhões de capital adicional da J&F, dos fundos Petros e Funcef e de novos acionistas.
Para os outros R$ 6 bilhões, a empresa espera crédito de agências que financiam os equipamentos importados, do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste, do FI-FGTS e do BNDES. Este último teria uma participação menor nessa nova linha, de 30%, acredita o executivo.
Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
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