• Colunistas

    Wednesday, 08-May-2024 17:31:06 -03
    Vaivém

    Barreira da Rússia à carne brasileira ocorre em momento ruim para o setor

    28/05/2015 02h00

    A Rússia comunicou ao Ministério da Agricultura que fará uma interrupção de compras de carne bovina e suína de dez frigoríficos brasileiros.

    O comunicado vem em um momento ruim para o setor: as exportações estão em queda; os custos sobem e a oferta de boi é reduzida.

    A Rússia tradicionalmente usa a artimanha de fechar mercados para barganhar nas compras. Mas, desde o ano passado, o país teve praticamente todos os grandes mercados de proteína fechados, devido à crise política na Ucrânia.

    O Brasil passou a ser o foco principal dos russos, devido à importância no país na produção de frango, de bovinos e de suínos.

    Os motivos dessa interrupção nas compras podem ser os relatados no comunicado enviado ao governo brasileiro. Em auditoria em março, os russos teriam encontrado problemas sanitários nesses frigoríficos. É bom lembrar que sempre tem alguém que deixa de fazer o dever de casa, colocando o setor em xeque.

    É bom lembrar também que o preço do petróleo, uma das principais fontes de divisas da Rússia, caiu no último ano. Com uma taxa de câmbio desfavorável, a carne ficou cara para os russos.

    Barreiras desse tipo poderiam melhorar os preços para eles -o que não deve ocorrer devido à escassez de animais, principalmente de bois.

    UNIÃO EUROPEIA

    Mas o Brasil não encontra problemas de compras apenas do lado da Rússia. A União Europeia também diminuiu as compras no Brasil.

    Estatísticas da UE indicam que o bloco importou 104 mil toneladas de frango do Brasil até março. Com esse volume, o país ainda é responsável por 55% das compras dos europeus. Uma boa participação, mas que recua ano a ano. Em 2011, a carne brasileira representava 72% das compras da União Europeia.

    Enquanto o Brasil perde participação, a Tailândia avança. Em 2011, o país asiático era responsável por apenas 18% das compras dos europeus. No primeiro trimestre deste ano, chegou a 35%.

    A menor participação reflete uma queda de 21% nas importações de carne de frango do Brasil pela UE no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado.

    Já a Tailândia, com a venda de 66 mil toneladas no período, aumentou em 23% as vendas aos europeus.

    A UE também importou 1,4% menos carne bovina brasileira de janeiro a março, segundo informações da comissão do bloco voltada para a agropecuária.

    Mesmo com a queda, o Brasil continua sendo o maior fornecedor dessa proteína aos europeus. Ao importar 33,9 mil toneladas de janeiro a março deste ano do Brasil, os europeus garantiram 46% desse mercado, em volume, aos brasileiros.

    Se o volume de importações europeias teve leve queda no mercado brasileiro, aumentou 10% nos Estados Unidos e da Argentina.

    Do lado das exportações, a Rússia foi a grande perda para os europeus. Devido aos atritos comerciais entre os russos e parte dos países desenvolvidos, a União Europeia vendeu 99% menos carne de frango para os russos; 94% menos carne bovina, e 91% menos carne suína no primeiro trimestre deste ano.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024