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    Vaivém - Mauro Zafalon

    Após 'ano do etanol', cana terá 630 milhões de toneladas na próxima safra

    08/01/2016 02h00

    Editoria de Arte

    O ano de 2015 foi o do etanol. O consumo de janeiro a novembro atingiu 26,1 bilhões de litros, 21% mais do que em igual período anterior.

    O consumo foi puxado basicamente pelo etanol hidratado (o que vai diretamente no tanque, sem ser misturado à gasolina). Foram 16,3 bilhões de litros desse tipo de combustível, 40% mais do que o de janeiro a novembro de 2014.

    Em novembro, no entanto, com a chegada da entressafra e uma recuperação dos preços do produto, a alta do consumo já tem ritmo menor. O consumo de hidratado supera em 21% o de igual período de 2014.

    A oferta maior de álcool ocorreu porque 59% da cana moída na região centro-sul nesta safra 2015/16 foi destinada para a produção do combustível. Na safra 2014/15, o percentual havia sido de 56,7%.

    E este ano também poderá ser um período de aumento de consumo, mas não de maneira tão intensa com foi em 2015.

    A consultoria Datagro, especializada no setor sucroenergético, estima que a produção total de etanol da região centro-sul poderá chegar a 28,6 bilhões de litros em 2016/17. As previsões para a safra 2015/16, que se encerra em março, indicam 27,8 bilhões.

    Incluindo as regiões Norte e Nordeste, a produção total de etanol do país deverá ser de 29,8 bilhões de litros em 2015/16.

    A moagem de cana-de-açúcar deve ficar entre 610 milhões e 630 milhões de toneladas na região centro-sul na próxima safra. Já a produção de açúcar subiria para até 34,5 milhões de toneladas, ante 30,7 milhões na safra que se encerra.

    Plinio Nastari, da Datagro, acredita que a safra 2016/17 será melhor porque, devido ao clima, de 35 milhões a 37 milhões de toneladas de cana serão deixados para 2016/17.

    As chuvas que ocorreram nesta safra permitiram um melhor desenvolvimento fisiológico do canavial. Além disso, há a perspectiva de um melhor aproveitamento do tempo na safra 2016/17.

    Nesta safra que se encerra, os dias de trabalho parados nas usinas somaram 50 até o final de dezembro.

    As usinas ainda devem moer 14 milhões de toneladas até o final de março, segundo Nastari.

    Um dos pontos favoráveis para o açúcar será a ocorrência do primeiro deficit mundial de produção, em relação ao consumo.

    A safra 2015/16, que vai de outubro a setembro, terá um deficit de 3,87 milhões de toneladas de açúcar. Esta será a primeira vez que o consumo mundial supera a produção desde 2010. Naquele ano, a produção ficou 1,66 milhão de toneladas abaixo do consumo.

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    Máquina agrícola tem pior desempenho em 8 anos

     

    A indústria de máquinas agrícolas e rodoviárias comercializou apenas 44,9 mil unidades no ano passado.

    Este desempenho está bem distante do recorde de 83 mil unidades vendidas em 2013 e só é melhor do que o de 2007, quando o setor havia comercializado 38,3 mil unidades, conforme dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

    Os produtores já vinham pisando no freio nas compras devido à boa renovação da frota feita desde 2010.

    A queda nos preços das commodities e a crise político-econômica vivida pelo país fez o setor frear ainda mais as compras.

    Um componente importante também nessa redução de compras foi a dificuldade de crédito e juros mais elevados.

    Ao cair para 44,9 mil unidades, as vendas totais do setor no ano passado ficaram 34,5% inferiores às de 2014.

    A redução no setor de tratores de rodas foi de 33%, com as vendas caindo para 37,3 mil unidades.

    Uma queda ainda maior ocorreu no setor de colheitadeiras. Embora o país venha acumulando recorde sobre recorde na produção de grãos, as compras dessas máquinas se restringiram a 3.917 unidades no ano passado, 39% menos do que em 2014.

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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