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    Vaivém - Mauro Zafalon

    Fundos aumentam apetite por commodities agrícolas

    04/05/2016 02h00

    Marcelo Justo/Folhapress
    Colheita do final da safra de soja em fazenda no Mato Grosso; fundos voltaram a gostar das commodities
    Colheita do final da safra de soja em fazenda no MT; fundos voltaram a gostar das commodities

    Os fundos de investimentos voltaram a gostar, e muito, das commodities agrícolas nas semanas recentes.

    No início de março estavam se desfazendo dos contratos que tinham neste setor. Estavam "vendidos" (apostavam na queda) em 11 milhões de toneladas de soja.

    Pouco tempo depois, os fundos passaram a comprar loucamente, somando na semana passada contratos correspondentes a 21,8 milhões de toneladas dessa oleaginosa. Esse é o maior volume registrado em exatos dois anos.

    Da posição de vendas do início de março à de compra na semana passada, os fundos adquiriram 33 milhões de toneladas em suas carteiras.

    Esse novo cenário trouxe mudanças nos preços na Bolsa de Chicago. O contrato futuro de maio saiu de uma posição mínima de US$ 8,56 por bushel (27,2 quilos) no início de março para a máxima de US$ 10,48 nesta terça-feira (3). Ou seja, houve uma evolução de 22% no período.

    Essa mudança de posição dos fundos também afetou o mercado brasileiro, segundo Daniele Siqueira, da AgRural.

    Houve um avanço dos negócios com a soja, tanto a da safra 2015/16, já colhida, como a de 2016/17, que ainda será semeada.

    A AgRural ainda está apurando os dados de comercialização de abril, mas Daniele diz que o volume deverá dar um salto em relação aos 2% de março.

    A movimentação de preços em Chicago fez com que aumentassem também os negócios em dólares no mercado de Mato Grosso.

    Em março, a saca estava sendo negociada a US$ 14,50. Os preços atuais estão em US$ 18 por saca.

    A alta de preços em Chicago trouxe reajuste para a soja em todas as principais praças de negociações.

    Do início de março para cá, a oleaginosa subiu 18% em Sorriso (MT), 14% em Rio Verde (GO), 12% no oeste do Paraná, 12% em Luiz Eduardo Magalhães e 11% em Paranaguá, conforme dados da AgRural.

    Os fundos também se voltaram para o milho em Chicago, mas esse movimento ocorreu com mais intensidade apenas nas últimas semanas.

    De 8 de março até a semana passada, os fundos colocaram 39 milhões de toneladas do produto em suas carteiras.

    O cereal saiu de um preço mínimo de US$ 3,475 por bushel (25,4 quilos), em 31 de março, para uma máxima de US$ 4,02 nesta terça-feira.

    O avanço da presença dos fundos no milho, e a consequente alta de preços na Bolsa de Chicago, não teve grande interferência no mercado interno brasileiro.

    O preço interno do milho está "descolado" do de Chicago, devido às exportações brasileiras recordes e à falta de produto internamente, diz Daniele.

    NOTAS

    Parada cívica Os atacadistas do Ceasa (Centro Estadual de Abastecimento) de São Paulo suspenderão suas atividades das 10h ao meio-dia desta quinta-feira (5) em "ato cívico" para pressionar pela autogestão do entreposto.

    Demandas do setor Durante o período, os permissionários farão manifestação na praça do Relógio, dentro do Ceasa, e entregarão uma carta ao ex-deputado José Aníbal para que ele encaminhe as demandas do setor ao vice-presidente Michel Temer.

    Taxas salgadas Nos últimos seis meses, a taxa administrativa (condomínio) paga pelos atacadistas aumentou 83%.

    Quase demitido Indicação do ex-ministro das Cidades Gilberto Kassab, que desembarcou do governo, o presidente do Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), Carlos Nabil Ghobril, quase foi demitido. Só foi mantido no cargo pela necessidade administrativa de dois diretores assinarem documentos. O diretor operacional, Luiz Gonçalves Ramos, havia sido mandado embora recentemente.

    Com PAULA REVERBEL

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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