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    Vaivém - Mauro Zafalon

    Cooperativa cria 'MBA' do leite no Brasil

    07/05/2016 02h00

    Mauro Zafalon/Folhapress
    Terra onde ser· semeado trigo, em Tibagi (PR)
    Terra onde ser· semeado trigo, em Tibagi (PR)

    Aos 91 anos, a Frísia Cooperativa Agroindustrial (ex-cooperativa Batavo) se reinventa, amplia a área de atuação no campo e verticaliza a industrialização de seus próprios produtos.

    Tradicional na região de Campos Gerais (PR), a cooperativa tem como base a colonização holandesa, iniciada há 105 anos no Paraná.

    Voltada para leite e grãos, a Frísia tem também uma presença forte nas carnes e, agora, avança para os setores de florestas e de energia eólica.

    Com a ampliação e a diversificação das atividades, a gestão das propriedades passou a ser extremamente importante, diz Renato Greidanus, presidente da entidade.

    "É preciso trazer o produtor para um novo patamar profissional para que ele consiga cada vez mais bons resultados técnicos."

    MBA EM LEITE

    A cooperativa leva tão a sério a questão da gestão que instituiu um MDA (Master Dairy Administration), uma espécie de MBA focado na gestão da produção de leite e voltado para os cooperados.

    Para Greidanus, os conhecimentos adquiridos por produtores e técnicos da cooperativa nesses estudos vão se espalhar para toda a região, melhorando a gestão e elevando a produtividade.

    A gestão moderna deve ser integrada. Tem de incluir conhecimentos que vão do rebanho aos sistemas financeiro e ambiental, além da busca de uma elevação técnica na propriedade, segundo o presidente da cooperativa.

    "E preciso rastrear toda a cadeia, do milho ao frigorífico. Isso permite ganho interno e agregação de valor à produção." A Frísia se une à Castrolanda e à Capal na industrialização de leite, uma associação chamada de intercooperação.

    Dentro dessa "cadeia fechada", que vai da semente à industrialização dos produtos, dá para criar nichos de atuação, diz Greidanus.

    Ele cita o exemplo do primeiro leite longa vida do Brasil sem aditivos, lançado pelas cooperativas.

    A capacidade de processamento de leite dessas cooperativas é de 3,8 milhões de litros por dia. Processam 3,3 milhões, segundo Rogério Marcus Wolf, coordenador de comercialização de leite da cooperativa Castrolanda.

    Pelo menos 95% da industrialização é feita para terceiros, inclusive multinacionais que se interessam pela boa qualidade da matéria-prima obtida nessa bacia leiteira.

    "O mercado de alimentos está exigente. Ganhamos os parceiros devido à qualidade do nosso produto", diz Wolf.

    FLORESTAS

    A Frísia está incorporando uma nova atividade no seu portfólio: o cultivo de florestas. Greidanus diz que a atividade é importante porque o produtor utilizará áreas inaproveitadas da propriedade.

    A cooperativa utilizará parte da lenha para geração de energia em suas atividades e o excesso será repassado paras indústrias da região, que são carentes desse produto.

    A cooperativa avança também em um projeto de geração de energia eólica. Ela busca um parceiro para o projeto, estimado em R$ 300 milhões e que está na fase de licenciamento ambiental.

    O produtor poderá participar desse projeto ou apenas ceder o espaço para as torres de captação de energia. "A intenção é oferecer o máximo de opção de atividades na propriedade", diz Greidanus.

    Com investimentos de R$ 580 milhões de 2011 a 2015 –na industrialização de trigo, frigorífico e armazenagem–, o presidente da entidade diz que a cooperativa já coloca outros produtos na lista para 2018/19.

    Ele não adiantou, porém, quais seriam essas novas áreas de atuação.

    A cooperativa atua em leite e derivados, carne "in natura" e industrializada e grãos. Anualmente promove uma exposição de vacas leiteiras para troca de conhecimentos entre produtores.

    Esse sistema de intercooperação com as cooperativas Castrolanda e Capal permite "uma escala maior na industrialização da matéria-prima e redução de custos", diz o presidente da Frísia.

    O sistema permite que o produtor seja sócio na industrialização e garante uma oferta maior de matéria-prima para as cooperativas.

    O jornalista viajou a convite da Frísia Cooperativa Agroindustrial

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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