Marcelo Justo - 27.mar.2012/Folhapress | ||
Homem manipula grãos de soja durante a colheita do final da safra em Mato Grosso |
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Saturday, 04-May-2024 06:48:55 -03Vaivém - Mauro Zafalon
Crise política brasileira salvou agricultura, diz consultor
08/07/2016 02h00
A lambança política atual do país salvou a agricultura. Mesmo com a queda de preços das commodities no exterior em boa parte do ano que passou, a renda do produtor foi compensada pela aceleração do valor do dólar, puxando internamente os preços das commodities.
A avaliação é Leonardo Sologuren, da consultoria Horizon, de Uberlândia (MG), e foi feita nesta quinta-feira (7), em Cuiabá, durante simpósio agroestratégico da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e de Milho do Estado de Mato Grosso).
Esse cenário de preços serviu também para amenizar a situação no campo na que foi "a safra de maior custos da história do país", segundo Endrigo Dalcin, presidente da entidade.
O agricultor não pode, no entanto, ficar apenas à espera desses momentos pontuais de acertos. Os desafios aumentam cada vez mais, exigindo conhecimento e gestão aprimorados.
"A agricultura é atualmente um banco a céu aberto."
Taxas de câmbio e de juros, cotações em Bolsas, emissão de títulos (como CPRs), hedge (trava de preços) e operação de moedas são partes do dia a dia no campo.
Sem contar que a atividade ainda está sujeita a oscilações da macroeconomia mundial.
Além desses fatores extracampo, os produtores têm de administrar os riscos do clima, da exposição de doenças e pragas nas lavouras, além das pressões da logística, segundo Sologuren.Muitos dos desafios não estão, no entanto, nas mãos dos produtores, mas eles têm de ter uma boa gestão para enfrentá-los.
É o que ocorre no caso dos riscos políticos. Assim como desta vez a lambança política foi favorável ao setor, em outras poderá trazer condições adversas.
Pelo menos 90% dos produtores rurais não conhecem seus riscos, bem como a fragilidade e a fortaleza de seus indicadores financeiros, segundo Sologuren.
Uma das consequências é que 85% dos problemas de liquidez na área rural acontecem por uma exposição do produtor a expansões mal calculadas.
Os desafios aumentaram nos últimos anos. Além da instabilidade política, que traz variações do dólar e alta nos custos, há um encarecimento do capital. "O produtor ainda está dentro do processo de furacão", diz o analista da Horizon.
Daí a necessidade, segundo Dalcin, de a Aprosoja promover essas discussões. Os temas discutidos nesse encontro agroestratégico se irradiam por todo o setor, segundo ele.
"Apesar de tudo isso, a agricultura vai bem. O cenário político ainda traz risco, mas já parece melhor", diz Sologuren.
Mas o produtor tem de manter custos em patamares controláveis e manter liquidez em nível saudável."
O DIFERENCIAL
O conhecimento vai fazer o diferencial", segundo Daniel Latorraca, do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Aplicada).
E esse conhecimento vai da capacidade de utilização de uma máquina sofisticada ao controle eficiente de pragas. Acesso a informações e boas práticas são palavras chaves, afirma ele.
Em breve, as propriedades agrícolas vão ter de ter de analista de dados a estatístico, na avaliação dele.
Não existe uma receita de bolo pronta na agricultura. O produtor vai ter de aprender a utilizar as tecnologias e procedimentos para a mitigação de condições adversas, inclusive as climáticas, segundo Antônio Luiz Fancelli, da Esalq/USP. "Ele vai ter de fazer diagnósticos."
Na avaliação de Sérgio Abuda, da Embrapa Cerrados, o produtor terá de plantar bem. O aumento da eficiência produtiva virá com semente de alta germinação, semeadura em profundidade e espaço adequados, boa proteção contra pragas e doenças, além da eliminação das ervas daninhas.
O jornalista viajou a Cuiabá a convite da Aprosoja
Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
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