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    Vaivém - Mauro Zafalon

    Preço do arroz dispara, mas produtor ganha menos

    14/07/2016 02h00

    Cláudio Vaz/Agência RBS/Folhapress
    DONA FRANSCICA, RS, BRASIL, 17-03-2010: máquina faz colheita de arroz, na cidade de Dona Francisca (RS). (Foto: Cláudio Vaz/Agência RBS/Folhapress) ***PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTOS COM HONORÁRIOS E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS***
    Máquina faz colheita de arroz, na cidade de Dona Francisca (RS)

    Os preços do arroz foram ao céu neste ano. Os valores atuais da saca do cereal em casca atingem R$ 50,5, em média, no Rio Grande do Sul, o principal Estado produtor do Brasil.

    Os preços deste mês do produto superam em 50% os de há um ano, segundo pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

    Os consumidores sentiram no bolso, já que o arroz, ao lado do feijão, foi um dos produtos que tiveram presença forte na inflação.

    O que parece ser o melhor dos mundos para o produtor não passa, no entanto, de um cenário ruim.

    O Ministério da Agricultura acaba de divulgar que o Valor Bruto da Produção do setor de arroz neste ano atingiu em junho o menor nível em duas décadas.

    Os dados foram corrigidos pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) da FGV.

    Ou seja, a queda no valor de produção significa queda de renda no campo. O VBP do setor recuou para R$ 9,3 bilhões neste ano, apesar da elevação dos preços.

    Esse montante de dinheiro é menor, no entanto, do que os R$ 11 bilhões atingidos pelo setor em 2015.

    Anderson Belloli, diretor-executivo da Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul), considera que boa parte do produtores está em "condição aflitiva".

    A produção dos gaúchos, após ter atingido 8,6 milhões de toneladas no ano passado, recuou para 7,4 milhões neste ano devido aos problemas climáticos que afetaram a lavoura.

    Acompanhamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontam produtividade de 6.800 quilos por hectare neste ano no Rio Grande do Sul, 12% menos do que em 2015.

    Os preços realmente subiram no campo, mas o produtor antecipou vendas com valores menores do que os praticados atualmente, segundo Belloli.

    Além dos efeitos da perda de rentabilidade, devido à queda da produtividade, os produtores tiveram aumento de 30% nos custos para a implantação da safra. Os custos subiram para R$ 6.000 por hectare, segundo ele.

    Essa perda de produção e desembolso maior colocaram boa parte do setor em situação muito delicada, afirma.

    A partir de setembro, começa o preparo para a safra 2016/17. O diretor-executivo da federação diz que ainda é cedo para previsões de plantio.

    Vai depender da oferta de crédito, principalmente depois desse aumento acelerado dos custos de produção, segundo ele.

    *

     

    Café Os produtores brasileiros comercializaram 31% da safra de café 2016/17 (julho a junho), o que representa 31% do do total da safra.

    Avanço Os números são da Safras & Mercado, que estima que pelo menos 58% da safra já tenha sido colhida. O volume previsto pela Safras é de 54,9 milhões de sacas neste ano.

    Ano cheio O Brasil exportou 35 milhões de sacas de café na safra 2015/16, encerrada em junho último, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

    Receitas Com preço médio de US$ 151,26 por saca, a receita obtida pelo país foi de US$ 5,3 bilhões no período.

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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