O mercado apostou no dólar e tirou as fichas das commodities agrícolas nesta terça-feira (19).

O resultado foi uma queda de 4% nos preços dos contratos de dezembro do milho e de 3,6% nos da soja, referentes a novembro, na Bolsa de Chicago.

Essa mudança de ritmo dos preços em Chicago inibe reajustes de preços no mercado brasileiro.

As commodities vinham de alta na semana passada, devido à previsão de calor intenso. O calor está ocorrendo, mas deverá perder força neste final de semana.

As estimativas de melhora do clima levaram os investidores para o dólar índex (uma cesta de seis moedas, com o euro tendo o maior peso), segundo Daniele Siqueira, da AgRural.

O dólar teve a maior alta desde 10 de março. Para uma corrente do mercado, há uma correlação inversa do dólar com as commodities.

Quando o dólar está fortalecido, as commodities, que têm como base de negociação a moeda norte-americana, ficam mais caras, enfraquecendo a demanda.

Para outros, os investidores vão para o dólar em busca de segurança, saindo das commodities.

Siqueira diz, no entanto, que o componente clima tem peso nessa oscilação.

"O mercado comprou o boato [do calor forte] na semana passada e está se deparando agora com o fato [possibilidade de chuvas]."

Além disso, as condições das lavouras estão muito boas, como mostrou acompanhamento do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O padrão das lavouras deste período do ano se equipara aos de 1994, de 2004 e de 2014, coincidentemente os anos de maior produtividade nos Estados Unidos.

O contrato de soja de novembro fechou a US$ 10,28 por bushel (27,2 quilos) nesta terça-feira (19), com queda de 3,6%. Já o do milho, referente a dezembro, caiu para US$ 3,49 por bushel (25,4 quilos), uma queda de 4% no dia.

Vaivém das Commodities

Por Mauro Zafalon

Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.