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    Vaivém - Mauro Zafalon

    Café conilon dispara e alta vai chegar ao consumidor

    22/07/2016 02h00

    Edson Silva/Folhapress
    Plantação de café na região de Altinopolis, interior de São Paulo
    Plantação de café na região de Altinopolis, interior de São Paulo

    O preço da saca de café conilon atingiu as alturas. A média mensal do produto deste mês, em termos reais, é a maior de todos os tempos. Essa alta dos preços no campo vai chegar às prateleiras dos supermercados e, consequentemente, ao bolso do consumidor.

    Com isso, os preços desse produto encostaram nos do arábica, trazendo uma série de mudanças no mercado, principalmente para as indústrias. Estas, além do aumento de custo da matéria-prima, vão ter de mexer no blend da bebida, uma preocupação porque os consumidores estão acostumados ao blend atual.

    Essa aceleração de preços ocorre devido às condições climáticas adversas que afetaram as lavouras no Estado do Espírito Santo, o principal produtor nacional. Houve quebra de produção.

    "Será um cenário complicado para a oferta de café conilon nos próximos meses", diz Renato Garcia Ribeiro, pesquisador da área de café do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

    A colheita já está no final e, mesmo assim, não há muita oferta de robusta [conilon], diz o pesquisador. O clima afetou não só a quantidade produzida como também a qualidade, segundo Ribeiro.

    A produção menor de café conilon vem logo após uma aceleração nas exportações. A produção nacional deverá cair para apenas 9,4 milhões de sacas nesta safra, 16% menos do que na anterior, conforme estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A produção no Espírito Santo será de 5,9 milhões de sacas, ante 7,8 milhões no ano passado.

    Já as exportações de café conilon somaram 6,8 milhões de sacas nas duas últimas safras –a safra vai de julho a junho–, bem acima dos 3,1 milhões das duas imediatamente anteriores, segundo dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

    As indústrias utilizam o café conilon, mais barato, para fazer blend com o do tipo arábica, mais caro. Como o Brasil proíbe a importação de café em grão, a demanda nacional de café robusta deverá ser atendida apenas pela produção nacional.

    Em junho, o clima frio e a chuva derrubaram parte do café arábica, provocando perda de qualidade. Com a falta do robusta, as indústrias poderão utilizar esse café arábica.

    A saca de 60 quilos do café arábica, à vista, esteve em R$ 502,54 nesta quinta-feira (21), segundo pesquisa do Cepea. Já o conilon subiu para R$ 414,2.

    Os preços atuais do arábica superam em 22% os de há um ano. Os do conilon têm alta de 36% no mesmo período.

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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