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    Vaivém - Mauro Zafalon

    Arroz e feijão ajudam a derrubar o PIB do agronegócio

    01/09/2016 02h00

    Luiz Carlos Murauskas - 13.jun.2011/Folhapress
    Máquina agrígola fazendo colheira de arroz em Uruçuí (PI); produção do produto teve queda no trimestre
    Máquina agrígola fazendo colheira de arroz em Uruçuí (PI); produção do produto teve queda no trimestre

    A desaceleração econômica demorou, mas chegou ao agronegócio. O PIB (Produto Interno Bruto) da agricultura caiu em qualquer uma das comparações que se faça.

    Embora tenha caído menos do que o PIB geral do país, a atividade da agricultura no segundo trimestre deste ano recuou 2% em relação ao trimestre imediatamente anterior; caiu 3,15% em relação ao mesmo período do ano anterior; recuou 2,4% nos quatro trimestres acumulados e 3,4% no acumulado do ano ante igual período imediatamente anterior.

    "Fomos os últimos a entrar na crise, mas esperamos ser os primeiros a sair", diz Renato Conchon, coordenador do núcleo econômico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

    Este foi um ano atípico, afetado por influências climáticas trazidas pelo fenômeno "El Niño".

    "Normalmente o segundo trimestre é mais fraco, mas o que assustou foi o tamanho da queda nesse período deste ano", acrescentou Conchon.

    Ironicamente, entre os produtos que empurraram a taxa de PIB para baixo estão os produtos básicos, presentes diariamente na mesa dos consumidores.

    O IBGE apontou que a produção de vários produtos importantes deste segundo trimestre indicam para queda no ano.

    Entre eles estão arroz (-15%) e feijão (-9%). O volume de produção desses itens não é tão importante quanto o de soja, a líder nacional em produção, mas afeta diretamente o dia a dia do consumidor.

    Com a queda de produção desses produtos, o estoques de arroz chegam ao final do ano suficiente para apenas oito dias de consumo. Já o de feijão, também muito limitado, será de 14 dias.

    A queda de produção do milho (21%) também é um golpe no bolso dos consumidores, uma vez o cereal é a base da alimentação animal.

    Em direção oposta, o café –cuja estimativa de aumento de produção é de 11%– ajudou a melhorar a performance do PIB. O aumento de produção foi, no entanto, uma recuperação dos patamares normais, após a queda do ano passado.

    Conchon acredita que o terceiro trimestre já vai indicar uma recuperação do PIB agrícola. "As safras desse período já vêm com um certo alívio", diz ele.

    O analista da CNA acredita que o PIB agrícola volta a crescer porque, ao contrário do comportamento de outros setores, a agricultura se descolou da crise política.

    O PIB agrícola deverá crescer 1,8% neste ano ano, repetindo o desempenho de 2015, na avaliação da CNA.

    *

    Leite - O preço do leite atingiu o patamar recorde, em termos reais, de R$ 1,6928 em agosto, 54% acima do de agosto do ano passado.

    Produção - A captação de leite aumentou 5% em julho, mas ainda é 14,5% inferior à do ano passado. Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

    Bom para o produtor - A alta dos preços, provocada por uma redução de oferta, ajuda aos produtores repor custos de produção, elevados com o aumento interno das commodities.

    Peso para o consumidor - A redução de oferta da matéria-prima segura, no entanto, os preços para os consumidores em patamares elevados. Os preços atuais do leite longa vida ensaiam uma queda, mas ainda têm alta de 14% no ano.

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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