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    Vaivém - Mauro Zafalon

    Cresce importação de grão e leite e cai a de sorvete e chocolate

    10/01/2017 02h00

    Stephane Mahe - 8.ago.2012/Reuters
    Colheita de trigo é feita em Moisdon-La-Riviére, na França. *** Wheat is seen in a field as a French farmer harvests his crop in Moisdon-La-Riviere near Chateaubriant August 8, 2012. In France, the European Union's biggest wheat grower and exporter, the national yield and quality results have proved satisfactory with the farm ministry putting the soft wheat crop at 36.7 million tonnes. REUTERS/Stephane Mahe (FRANCE - Tags: AGRICULTURE BUSINESS)
    Colheita de trigo é feita em Moisdon-La-Riviére, na França

    O Brasil perdeu receitas nas exportações de alimentos e de grãos em 2016 e, pior ainda, gastou mais com as importações desses itens.

    Nas importações, no entanto, cresceram os gastos com produtos básicos, como trigo, mas despencaram os com valores mais agregados, como as cápsulas de café.

    Seca no campo e recessão interna estão entre os fatores decisivos para esse cenário na balança comercial de alimentos e de grãos.

    Dados da Secex indi- cam que as importações de alimentos e de grãos subiram para US$ 11 bilhões em 2016, 16% mais do que no ano anterior.

    Já as exportações recuaram para US$ 69,6 bilhões no mesmo período, 8% menos.

    Vários itens foram responsáveis por essa aceleração nas compras brasileiras. Em boa parte, a alta nas importações ocorre devido à queda interna de produção.

    O leite é um dos exemplos. Clima desfavorável e custos elevados de produção provocaram retração na captação do produto. O resultado foi que o mercado interno acabou sendo abastecido com produto importado, vindo principalmente do Mercosul.

    Os gastos brasileiros no setor somaram US$ 661 milhões em 2016, 54% mais do que em 2015. As despesas com o leite em pó dobraram, subindo para US$ 329 milhões.

    Outro item de peso nas importações brasileiras foi o trigo, cujos gastos subiram para US$ 1,34 bilhão no ano passado, 9,8% mais do que no anterior, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

    A produção menor do que o previsto fez o Brasil aumentar também as importações de milho e de soja, dois produtos que o país está na lista dos principais exportadores.

    A seca fez o país voltar forte ao mercado externo do cereal, após o recorde de exportações em 2015.

    As compras externas de milho somaram 2,9 milhões de toneladas no ano passado, ante 370 mil em 2015.

    As importações de soja subiram para 382 mil toneladas, com aumento de 18%. Já as exportações, devido à produção abaixo do esperado, renderam US$ 19,6 bilhões, 8% menos do que em 2015.

    Outro peso nas importações brasileiras veio do alho, produto do qual o país é tradicionalmente importador.

    No ano passado, o Brasil comprou 173 mil toneladas, com gastos de US$ 329 milhões. O dispêndio teve evolução de 87% no ano.

    A batata fresca ou refrigerada também teve forte aceleração nas importações, que somaram US$ 15,6 milhões. Em 2015, os gastos haviam somado US$ 406 mil.

    DERRETEU

    O país foi obrigado a elevar as importações de vários produtos básicos para recompor a demanda interna. Mas, quando se trata de produtos de alto valor agregado, a crise econômica se encarregou de provocar forte recuo nas importações.

    Essas quedas vão de café a sorvete, este último que estará ausente até do cardápio do avião presidencial.

    A até então crescente, a importação de cápsulas de café recuou para US$ 50,5 milhões no ano passado, 20% menos que em 2015.

    Na esteira da crise econômica, caíram também as compras de produtos de confeitaria (menos 32%), chocolates (38%), preparações alimentícias para as indústrias de bolachas, padarias e massas alimentícias (11%).

    Estiveram ainda nessa relação de quedas as conservas de peixes –inclusive caviar–, molhos e especiarias diversas.

    *

    2013 na Sapucaí - "Pinga o suor na enxada. A terra é abençoada, preciso investir, conhecer, progredir, partilhar, proteger..." Essa é parte da letra do samba-enredo da Unidos da Vila Isabel, de 2013. O samba-enredo e a bela apresentação deram à escola o título de campeã daquele ano.

    Repúdio - Apesar de ter como enredo a sustentabilidade e divulgar a importância da atividade agrícola, a escola foi contestada por muitos. Viram, naquele momento, que "uma empresa de agrotóxico se aproveitava de uma festa popular para divulgar seus venenos". A Basf foi a patrocinadora da escola.

    2017 na Sapucaí - "O belo monstro rouba terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios. Tanta riqueza que a cobiça destruiu." Essa é parte do samba-enredo deste ano da Imperatriz Leopoldinense, que tem como tema: "Xingu, o clamor que vem da floresta".

    Repúdio 2 - Desta vez, a contestação do tema da es-
    cola vem dos produtores agropecuários. É inaceitável que a maior festa popular brasileira seja palco para um show de sensacionalismo e ataques infundados ao setor, de acordo com eles. O samba continua.

    Ritmo forte - A exportação de açúcar bruto começa o ano com força total. As receitas deste ano superam em 224% as de janeiro de 2015, enquanto a quantidade é 123% maior. O preço médio subiu 45%, mostra a Secex.

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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