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    Vaivém das Commodities - Mauro Zafalon

    Preço da carne brasileira exportada sobe após operação

    28/03/2017 02h00

    Ueslei Marcelino/Reuters
    Unidade da JBS no Paraná
    Unidade da JBS no Paraná

    Os temores de que o preço da carne brasileira cairia após a operação deflagrada pela PF não se confirmaram.

    A redução da oferta com a presença menor do Brasil no mercado externo acabou pesando, e os preços subiram na semana passada. A alta, embora pequena, ocorreu nas carnes de frango e suína. A bovina ficou estável.

    Os dados são da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) e se referem às carnes exportadas no período. Os dados apontam também que a carne bovina foi a mais afetada nesta crise gerada pela Operação Carne Fraca.

    OPERAÇÃO CARNE FRACA
    PF deflagra ação em grandes frigoríficos

    As exportações da carne bovina na semana de 19 a 26 do mês recuaram para US$ 69,3 milhões, 41,5% menos do que as de 13 a 19 deste mês. Já o volume caiu para 18 mil toneladas, 41% menos no período.

    O preço médio da carne de frango registrado pela Secex nas exportações brasileiras atingiu US$ 1.676 por tonelada no acumulado das quatro primeiras semanas do mês; o da suína, US$ 2.493. O aumento médio, nos dois casos, foi de 1%. Já o da bovina se manteve em US$ 4.092 por tonelada.

    A tendência de preço das carnes no mercado externo é de alta, segundo Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

    Os problemas do Brasil no setor se somam aos dos produtores que têm dificuldades no controle sanitário.

    Além do efeito da crise interna, provocada pela Operação Carne Fraca, que fez muitos importadores pisarem no freio, outros 56 países são afetados pela gripe aviária.

    Esse tipo de problema em outros produtores vai fazer os importadores voltarem ao mercado brasileiro.

    O frango brasileiro representa 42% das importações do Japão, 50% das da Arábia Saudita, 75% das da China e 53% das da União Europeia.

    Outro fator de alta dos preços das aves é Hong Kong, que é um comprador e repassador de carne para outros mercados. Com Hong Kong deixando de comprar do Brasil, seus habituais compradores têm de recorrer a outros mercados, pagando mais.

    O mesmo ocorre com a carne suína. China e Hong Kong ficam com 60% das exportações brasileiras. Com isso, o volume médio diário exportado pelo Brasil de 1º a 26 deste mês recuou 11% em relação ao volume até o dia 19.

    A tendência se repete na carne bovina. Antônio Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), diz que o Brasil é o maior player do mercado, tem preços competitivos e volume para entregar, além de ter o chamado "boi verde".

    Para ele, o susto foi grande no início da crise, como mostram os números, mas a expectativa é de aumento de embarques devido à reativação dos acordos comerciais.

    O ritmo nos portos já é melhor, e as cargas que perderam os navios programados estão sendo redirecionadas para outros, segundo ele.

    Turra também vê dias melhores para o mercado de frango, apesar das recentes dificuldades.

    CARNES

    As exportações de carnes, com base nos dados da quarta semana deste mês, devem ficar próximas de US$ 1 bilhão e março.

    CARNE FRACA

    A operação da Polícia Federal no setor atingiu em cheio as vendas externas, uma vez que as estimativas iniciais eram de valores superiores a US$ 1,2 bilhão.

    SOJA

    Enquanto o país passou a semana de olho na carne e nas dificuldades de exportações da mesma, as vendas da soja deslancharam.

    QUANTO VAI SER

    No ritmo atual, o volume a ser exportado pelo Brasil deverá superar 9,4 milhões de toneladas neste mês. Em igual período do ano passado, foram 8,4 milhões.

    RECEITAS

    As exportações deste mês podem render US$ 3,7 bilhões, acima dos US$ 2,9 bilhões de março de 2016.

    CACAU

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    Na segunda-feira (27), em Nova York

    SOJA

    -0,44%

    Na segunda-feira (27), em Chicago

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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