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    Vaivém das Commodities - Mauro Zafalon

    Estados Unidos aceleram plantio, e Brasil pode ser afetado

    16/05/2017 02h00

    Mauro Zafalon/Folhapress
    Plantação de soja, em fazenda nos EUA
    Plantação de soja, em fazenda nos EUA

    Os produtores dos Estados Unidos imprimiram um ritmo muito forte no plantio de grãos nos últimos dias.

    Semearam 15,2 milhões de hectares em apenas uma semana, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (15) pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

    Uma boa notícia para os produtores americanos, que iniciaram a safra 2017/18 com condições climáticas piores do que as de 2016/17.

    Mas essa rápida recuperação de plantio pode ser uma má notícia para os produtores brasileiros. O plantio atrasado nos Estados Unidos poderia gerar quebra de produtividade, caso não fosse feito em tempo ideal.

    Com uma nova "safra cheia" nas lavouras norte-americanas, após produção recorde na América do Sul, os preços poderão ficar ainda mais depreciados.

    Daniele Siqueira, analista da AgRural, aponta que os percentuais de plantio de soja e de milho deste ano agora se equiparam aos da média dos últimos cinco anos.

    Ela destaca que é cedo para avaliações de safra, mas essa concentração de plantio em um período muito curto acaba sendo um perigo.

    Um eventual problema na fase de enchimento de grãos —julho e agosto— vai trazer efeitos muito mais complexos do que se o plantio tivesse sido feito em um período mais prolongado.

    Siqueira afirma que os norte-americanos conseguiram semear 6,2 milhões de hectares de soja na semana passada. Com isso, já plantaram 11,6 milhões de hectares dos 36,2 milhões que serão destinados à oleaginosa.

    Já o plantio de milho avançou 8,7 milhões de hectares na semana passada, somando 26 milhões dos 36,4 milhões que serão semeados.

    A soja voltou a subir nesta segunda-feira, mas a influência sobre os preços veio de fora das lavouras. A queda do dólar e a alta do petróleo puxaram os preços do contrato de julho para US$ 9,70 por bushel (27,2 quilos).

    Siqueira diz que "o produtor brasileiro tem de ficar atento às mudanças de preços em Chicago para efetuar seus negócios".

    CARNES

    As boas exportações de carnes da primeira semana deste mês não se repetiram na segunda. As receitas médias da segunda semana recuaram para US$ 52,3 milhões por dia útil, 18% menos do que na anterior.

    AINDA MELHOR

    Mesmo com essa queda, o valor financeiro deste mês será superior ao de abril, devido ao menor número de dias úteis no mês passado.

    VALOR

    Se a exportação de carnes mantiver o mesmo ritmo, as vendas externas desses produtos vão render US$ 1,32 bilhão, ante US$ 1,1 bilhão no mês passado.

    FRANGO CAI MAIS

    O principal recuo na segunda semana, em relação à primeira, ocorre no setor de avicultura, que teve queda de 18% no volume exportado.

    RECUPERAÇÃO

    A exportação de carne bovina, a que mais tinha caído na primeira semana, foi a que mais se recuperou na segunda. A alta foi de 7%, quando comparados os dados médios das duas semanas.

    CARNE FRACA

    A operação da Polícia Federal custou pelo menos R$ 40 milhões para os frigoríficos instalados em São Paulo, segundo o IEA (Instituto de Economia Agrícola), órgão da Secretaria de Agricultura do Estado.

    COMPARAÇÕES

    Os dados se referem ao mês de março e tomam como base a perda de ritmo do saldo das exportações daquele mês, em relação ao do comportamento do primeiro bimestre do ano.

    DE OLHO NO PREÇO

    • Nova York

    Açúcar
    (cent. de dólar*)

    15,61

    Café
    (cent. de dólar*)

    131,25

    • Chicago

    Milho
    (US$ por bushel)

    3,68

    Trigo
    (US$ por bushel)

    4,23

    • por libra-peso

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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