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    Vaivém das Commodities - Mauro Zafalon

    Na contramão da soja e do milho, safra de algodão trará boa renda

    04/07/2017 02h00

    Mauro Zafalon - 3.jun.2011/Folhapress
    LUÍS EDUARDO MAGALHÃES, BA, BRASIL, 03-06-2011: Safra de algodão no oeste da Bahia, região que ganha cada vez mais importância no cenário agrícola do país, em Luís Eduardo Magalhães (BA). A cidade de Luís Eduardo Magalhães (LEM), um dos municípios de maior destaque, é chamada de capital do agronegócio da região. (Foto: Mauro Zafalon/Folhapress) ***PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTOS COM HONORÁRIOS E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS***
    Plantação de algodão em Luís Eduardo Magalhães (BA)

    Em um ano no qual milho e soja deixam de trazer boa renda para os produtores, o algodão pode ser o ponto positivo nas lavouras.

    A área semeada teve recuo de 2%, para 939 mil hectares, mas a produtividade subirá 17%. Com isso, a produção de algodão em caroço deverá atingir 2,24 milhões de toneladas, conforme estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

    Os preços no mercado interno, embora tenham caído 4% no mês passado, vinham subindo. Em agosto do ano passado, o algodão era cotado a R$ 2,45 por libra-peso. No fim de maio, esteve a R$ 2,78 e, em junho, a R$ 2,66, conforme acompanhamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

    Arlindo Moura, presidente da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), diz que, seguramente, o algodão vai render mais do que soja e milho neste ano.

    Ele destaca dois pontos importantes. Primeiro, os preços na ICE, Bolsa de commodities de Nova York, estão acima de 70 centavos de dólar por libra-peso. Nesse patamar, o algodão gera lucro e compete bem com com a fibra sintética, afirma.

    Segundo, o algodão brasileiro tem qualidade comparada à do americano e do australiano, além de boa produtividade. A produção por hectare do algodão em pluma atinge 1.500 quilos no Brasil, acima dos 960 nos EUA.

    O Brasil perde para os produtores australianos, que conseguem 1.600 quilos por hectare. Há, no entanto, uma diferença no custo de produção. As lavouras australianas são 100% irrigadas, mais dispendiosas, enquanto as do Brasil têm percentual mínimo de irrigação, segundo o presidente da Abrapa.

    CUSTOS

    O gasto médio de produção no Brasil é de R$ 8.000 por hectare. Manuseio na produção e qualidade do algodão podem garantir, porém, uma remuneração superior à da cotação da Bolsa de commodities de Nova York.

    Ângelo Ozelame, gestor técnico do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), afirma que "certamente a produção de 2017 será maior do que a de 2016". A antecipação do plantio e da colheita da soja deu "uma janela maior para o produtor semear o algodão. O resultado é que a lavoura teve grande potencial produtivo", afirma ele.

    Para Maria Aparecida Braghetta, pesquisadora do Cepea, "o produtor espera mais qualidade e maior volume nesta safra".

    Isso poderá ser visto a partir da segunda quinzena deste mês, quando a colheita ganha ritmo. Com a colheita ainda no início, as indústrias compram de forma moderada, se limitando aos contratos já assumidos, afirma ela.

    *

    Safra de milho em Mato Grosso será recorde

    Tudo está dando certo com a produção de milho de Mato Grosso, e o Estado terá a maior safra da história em 2016/17. Serão 29,5 milhões de toneladas, 10,4 milhões mais do que na safra anterior.

    A produtividade média do Estado atinge 104 sacas por hectare, 41% mais do que no ano anterior, quando a seca prejudicou a produção. O recorde de produtividade ocorreu em 2014/15: 109 sacas.

    O problema para os produtores é que, quanto maior a safra, maiores as dificuldades de armazenagem e maior pressão sobre os preços.

    *

    Em busca - Executivos da JBS estão em viagem pelo país para encontrar pecuaristas. Já foram realizadas reuniões em Mato Grosso do Sul, no Tocantins e no Pará. A agenda vai continuar.

    Tira-dúvidas - Nessas reuniões pelo país, os executivos têm esclarecido as dúvidas operacionais e comerciais dos produtores. Principalmente as ações que visam o volume de abates.

    Quem pressiona - Na avaliação deles, os frigoríficos com escalas mais longas para o abate, acima de uma semana, pressionam os preços do boi para baixo, uma vez que aumentam a oferta de carne no varejo.

    Porque cai - Para os executivos da JBS, os frigoríficos menores também pressionam os preços. Passaram a abater mais, mas, sem amarrar as vendas com o mercado consumidor, enfraquecem os preços.

    Em dia - Para a empresa, os compromissos com fornecedores de bois para abate foram pagos dentro do prazo acordado na nova política da companhia, padronizada em 30 dias.

    Açúcar - As exportações de açúcar em bruto de junho somaram 2,6 milhões de toneladas, com evolução de 19% em relação a igual mês do ano passado. Já as vendas de açúcar refinado aumentaram para 453 mil toneladas, 31% mais.

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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