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    Vaivém das Commodities - Mauro Zafalon

    Preço do arroz volta a patamar de 15 anos atrás

    10/10/2017 02h00

    Cláudio Vaz/Agência RBS/Folhapress
    DONA FRANSCICA, RS, BRASIL, 17-03-2010: máquina faz colheita de arroz, na cidade de Dona Francisca (RS). (Foto: Cláudio Vaz/Agência RBS/Folhapress) ***PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTOS COM HONORÁRIOS E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS***
    Máquina faz colheita de arroz na cidade de Dona Francisca (RS)

    O campo continua sendo o principal responsável pela taxa baixa de inflação. Esse cenário, no entanto, poderá custar caro para os consumidores nos próximos anos.

    É o que ocorre com o arroz. O preço do cereal caiu tanto que já é inferior ao registrado em valores nominais em alguns períodos dos primeiros anos do Plano Real. As gôndolas dos supermercados atualmente têm arroz tipo 1 com valor inferior a R$ 10 por pacote de cinco quilos.

    Há 15 anos, o pacote do produto tipo 1 era negociado a R$ 10, conforme pesquisa feita à época pelo Datafolha.

    "Este é um caminho complicado e instável", diz Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. O preço atual do arroz não remunera o custo de produção, nem o do produtor nem o da indústria.

    O resultado será uma seleção de produtores e de empresas nesse setor. Os produtores já começam a dar sinais de desalento. Nesta safra, vão dedicar parte da área que seria destinada ao arroz à produção de soja e à pecuária.

    No caso da indústria, as menores não estão conseguindo margens suficientes nas operações e podem deixar o setor, aumentando a concentração da industrialização do cereal.

    Para Brandalizze, a safra do próximo ano não repetirá a boa produção deste, quando o país produziu 12,4 milhões de toneladas. Ele dá as razões para essa queda.

    Entre elas, um atraso no plantio em algumas partes do Sul, região que detém 70% da produção nacional. Os preços recebidos pelos produtores, mesmo neste período de entressafra, não são favoráveis. Sem receitas, eles deverão usar menos insumos na produção, o que resultará em menor produtividade.

    Além da boa safra deste ano, o mercado brasileiro foi abastecido com o cereal importado do Mercosul, principalmente do Paraguai.

    Para Brandalizze, o Brasil tem um dos menores preços do arroz do mundo. "Na Ásia, região de intensa produção e consumo, o quilo de arroz custa US$ 1 para o consumidor. Aqui, no Brasil, está em US$ 0,60 por quilo".

    "Não há mágica. A perda de receitas no setor vai afetar toda a cadeia de produção, de agricultores a indústrias."

    Se tivesse sido corrigido de acordo com a inflação média dos alimentos dos últimos 15 anos, o preço do pacote de cinco quilos de arroz hoje estaria em R$ 27 em São Paulo, conforme o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

    *

    Um mês fraco As exportações de commodities agropecuárias perderam ritmo na primeira semana deste mês, em relação às de setembro. Foi isso o que apontaram os dados divulgados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) nesta segunda-feira (9).

    Perdas O volume de soja foi um dos que mais caíram neste mês: as exportações da oleaginosa recuaram 51%, em relação às de setembro. Essa tendência de queda, contudo, é normal porque as vendas externas de soja se concentram no primeiro semestre de cada ano.

    Milho Embora a exportação do início deste mês se mostre menor do que a de setembro, o cereal poderá ter novo recorde de vendas externas. Isso porque o número de dias úteis de outubro é maior do que o de setembro.

    Nos EUA Assim como ocorre no Brasil, as commodities agrícolas movimentam boa parte da balança comercial dos Estados Unidos. De outubro do ano passado a agosto último, as receitas com as exportações agrícolas somaram US$ 130 bilhões, 10% mais do que em igual período anterior.

    Volumes Os números são do Usda (Departamento de Agricultura dos EUA), que destaca os aumentos nas exportações de trigo (mais 30%), de milho (mais 16%) e de soja (mais 10%). As exportações de soja lideram em volume –somam 55,4 milhões de toneladas no período.

    Movimento menor Os produtores brasileiros já venderam 14% da soja que ainda estão plantando. No mesmo período de 2016, as vendas antecipadas somavam 22%, segundo acompanhamento da Safras & Mercado.

    Vaivém das Commodities

    Por Mauro Zafalon

    Vaivém das Commodities

    Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.

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