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    Valdo Cruz

    Covardes

    28/10/2013 03h01

    BRASÍLIA - Não é de hoje que as ações dos "black blocs" passaram do limite. O episódio de sexta-feira, em que mascarados agrediram um comandante da PM, talvez seja a gota d'água para uma reação mais articulada e eficaz dos governos.

    Afinal, entramos numa situação de emergência, a um passo do pior. Executivo e Legislativo -federal, estadual e municipal- precisam se articular e colocar um fim nos atos de violência e de depredação de patrimônios público e privado.

    O fato é que nossos governantes demoraram um bocado a reagir quando grupos radicais começaram a mostrar suas garras, aproveitando-se das manifestações pacíficas.
    E, depois, o fizeram de forma um pouco equivocada.

    Pesou, e muito, estarmos em véspera de campanha eleitoral. Os donos do poder, de olho em seus futuros políticos, tentaram se equilibrar entre a defesa do direito democrático de livre expressão e a repressão mais ativa contra baderneiros.

    Confundiram as coisas ou delas tiveram medo. Deu no que deu. Os covardes, que se escondem atrás de máscaras e defendem atos de violência como forma de protesto, ganharam terreno, ocupando o papel de protagonistas pós-junho.

    Interessante notar que, quando estão em jogo interesses vitais dos donos do poder, eles saem da zona de conforto do discurso e montam ações eficazes. Foi o que ocorreu no leilão do campo de Libra, joia da coroa do Palácio do Planalto.

    Acionado, o Exército armou operação de guerra no local do evento, próximo a uma praia no Rio. Seu poder dissuasivo funcionou. Havia mais banhista do que manifestantes. Assessores presidenciais comemoraram o sucesso da estratégia.

    Não defendo fazer do Exército nas ruas uma rotina. Melhor que nem fosse preciso. Mas o leilão de Libra mostrou que, quando se quer, as coisas funcionam. Enfim, os "black blocs" não são mais um problema só local, mas também nacional.

    valdo cruz

    Escreveu até fevereiro de 2017

    Foi repórter especial da Folha. Cobriu os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília.

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