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    Valdo Cruz - Euclides Santos Mendes

    A salvação de nossos erros

    09/12/2013 03h30

    BRASÍLIA - Longe da proposta ideal, a OMC (Organização Mundial do Comércio), sob a batuta do brasileiro Roberto Azevêdo, deu importante passo ao fechar seu primeiro acordo em quase 20 anos --o que pode ser a salvação do Brasil de seus próprios erros e enganos.

    Apesar de modesto, o acordo pode injetar US$ 1 trilhão no comércio global, reduzindo custos comerciais e gerando 21 milhões de empregos ao desburocratizar o setor.

    É um sopro de vida para a entidade, xerife do comércio mundial, que rumava para o desmantelamento diante do avanço dos acordos regionais --sendo o mais ameaçador deles entre os EUA e a Europa.

    A escolha de Azevêdo, nome no qual o Brasil não botou muita fé no início e que só foi à frente por insistência do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento), era vista como um dos últimos passos para enterrar de vez a OMC.

    Deu-se o contrário. Pelo menos por enquanto, o sentimento é de fôlego novo. Os atores envolvidos nas negociações atribuem ao talento do brasileiro o sucesso do acordo. Algo que anda em falta por aqui.

    O Palácio do Planalto enveredou numa estratégia comercial equivocada. Enquanto muitos vizinhos buscaram acordos com EUA, Europa e Ásia, nos amarramos a parceiros em rota para o precipício, como Argentina e Venezuela.

    Os argentinos criam barreiras dia sim, dia também, para a entrada de produtos brasileiros. E tudo vai piorar, já que o novo comando da economia da Argentina não gosta nem um pouquinho do Brasil.

    A Venezuela não paga nossas exportações. Empresários brasileiros já avisaram que só vão seguir exportando com garantias de recebimento. O problema é que os venezuelanos não honram acordo, seja qual for.

    Enfim, apegado a questões ideológicas e pouco pragmático, o Brasil sofre com os equívocos de sua política comercial. Basta conferir o fraco resultado da balança comercial.

    valdo cruz

    Escreveu até fevereiro de 2017

    Foi repórter especial da Folha. Cobriu os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília.

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