• Colunistas

    Tuesday, 14-May-2024 10:30:32 -03
    Valdo Cruz

    Caindo na real

    12/01/2015 02h00

    BRASÍLIA - Estamos saindo do mundo do faz de conta e caindo na real, deixando para trás a fantasia econômica que marcou o primeiro mandato de Dilma Rousseff. O que gera insatisfação, já manifestada nos protestos da semana passada.

    Em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, manifestantes saíram às ruas contra o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trens –congeladas nos últimos anos à custa de subsídios.

    Protestar faz parte e muito bem à democracia. Força governantes a se aproximarem dos desejos de seus eleitores não só em anos de eleição. Esta turma, por sinal, costuma tomar decisões apenas sob pressão.

    Só que, sob a égide petista, o consumidor brasileiro ficou um pouco mal acostumado. O governo Dilma criou a ilusão de que alguns preços não precisavam subir, mesmo quando seus custos aumentavam e muito.

    Foi assim que, por decisão, inspiração ou medo do Palácio do Planalto, as tarifas do transporte público ficaram congeladas, o preço da gasolina subiu a conta-gotas e a conta de luz até aumentou, mas não na mesma proporção dos custos do setor.

    A farra, como tudo na vida, teve seu preço, foi bancada pelo dinheiro do contribuinte. No fim, quem vai pagar o almoço grátis é o mesmo que dele se beneficiou, de uma forma ou de outra. Seja pelo uso do seu dinheirinho ou pelo desequilíbrio econômico que desarranjou o país.

    Para consertar o estrago, a nova equipe econômica sentencia que o sonho acabou. Daí o temor de dilmistas de que os próximos meses sejam de tensão social. Novos protestos já estão agendados e o cenário pela frente não é alentador. O desemprego voltou a bater na porta e a inflação vai subir por causa do necessário realinhamento de preços públicos.

    É a conta da política artificialista de combate à inflação chegando à mesa do eleitorado. Ele pode e deve protestar, já que tal estratégia funciona só no curto prazo, até o governante de plantão atingir seu objetivo. Depois, fica e ficou insustentável.

    valdo cruz

    Escreveu até fevereiro de 2017

    Foi repórter especial da Folha. Cobriu os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024