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    Valdo Cruz

    Destruindo o destruído

    01/02/2016 02h00

    BRASÍLIA - Querem derreter o Lula para destruir o PT. Tentam acabar com o Lula para evitar que ele volte à Presidência. É o que esbravejam petistas, desesperadamente, depois que as investigações se aproximaram perigosamente do grande líder do Partido dos Trabalhadores.

    Enquanto estratégia para tentar desviar o foco e dar justificativas a seus convertidos, faz lá seu sentido. É até compreensível. Mas o coro dos desesperados está, diríamos, um bocado descolado da realidade.

    Tudo bem que derreter o Lula é a pá de cal no PT. Só que, até infelizmente por seu passado de glórias, o presente do partido lulista já é desabonador o suficiente para desidratá-lo nas próximas eleições.

    Quanto ao ex-presidente, um retorno ao Palácio do Planalto é algo bem improvável, para não dizer impossível diante do atual cenário político e policial. Arriscaria até que, no fundo, está fora de seus planos.

    Neste momento, faz parte do manual de sobrevivência de Lula alardear que, quanto mais o atacam, mais quer ser candidato a presidente –mais ameaça do que outra coisa.

    Afinal, Luiz Inácio Lula da Silva chegou lá, no Palácio do Planalto, é bom lembrar, depois que decidiu vestir o figurino paz e amor e, com isso, atraiu, o voto da classe média.

    Até então, ele sempre batia nos 30% do eleitorado que o PT tinha no passado. Superou essa marca depois que engavetou o discurso raivoso e se mostrou mais confiável.

    Hoje, primeiro, o PT não tem mais aquela fatia do eleitorado. Segundo, Lula voltou a ser o "barbudo" que assusta boa parte do eleitorado. E a Lava Jato ainda vai causar mais estragos no mundo petista.

    Agora, a salvação petista, de um final menos tenebroso a fim de permitir uma ressurreição mais à frente, está nas mãos do governo Dilma.

    Mas, como disse um executivo na saída do Conselhão, não basta jogar crédito na economia para sairmos da recessão. É preciso recuperar a confiança –algo ainda distante.

    valdo cruz

    Escreveu até fevereiro de 2017

    Foi repórter especial da Folha. Cobriu os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília.

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