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    Valdo Cruz

    Brasil, medalha de lata e ouro

    08/08/2016 02h00

    Diego Padgurschi/Folhapress
    RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL - 05-08-2016: Abertura dos jogos olimpicos Rio 2016, no estadio do Maracana. (Diego Padgurschi / Folhapress - ESPORTE) ***EXCLUSIVO***
    Abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016

    Começou a Olimpíada do Rio. Neste momento, segundo a propaganda de alguns anos atrás, o Brasil seria outro. Teríamos sediado a Copa do Mundo dois antes e estaríamos preparados para ganhar a medalha de país desenvolvido.

    A promessa era que os dois eventos globais do esporte seriam a coroação de um processo de salto no estágio de desenvolvimento brasileiro. A realidade de hoje, porém, é que retrocedemos, perdemos a oportunidade que nos foi concedida.

    Temos vários exemplos de como não merecemos nem uma medalha de bronze. País em recessão, saúde falindo, insegurança, classe política em descrédito, desemprego elevado e rombo nas contas públicas.

    Retrato fiel deste processo, que coloca em dúvida nosso futuro, é o salto quase duplo do deficit da Previdência. Vai pular de R$ 85,8 bilhões para quase R$ 150 bilhões neste ano. Um recorde horroroso, que o país corre o risco de seguir batendo.

    Se nada for feito, os gastos da Previdência do setor privado vão explodir. Passarão de 7,92% para 17,04% do PIB em 2060. Aí, o futuro de nossos atletas, que buscam medalhas no Rio, e de todos os brasileiros será mais do que incerto e duvidoso.

    Hoje, o cenário já é assustador. Das despesas com seguridade social no ano passado, 75% bancaram benefícios previdenciários públicos e privados. A saúde do brasileiro ficou apenas com 14%. Como o rombo da Previdência Social só faz subir, a conta não vai fechar.

    Principal articulador da reforma da Previdência, Eliseu Padilha (Casa Civil) alerta. Se tudo ficar como está, o remédio vai chegar com o paciente morto. E, diz, sem verba para educação e saúde. Aí, seremos merecedores de uma medalha de latão.

    A esperança é que o brasileiro sempre mostra, apesar de tudo, ser capaz de fazer melhor. A cerimônia de abertura da Olimpíada foi de arrepiar, digna de medalha de ouro. Encantou o mundo. Fez mais com menos. Tudo de que precisamos hoje.

    valdo cruz

    Escreveu até fevereiro de 2017

    Foi repórter especial da Folha. Cobriu os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília.

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