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    Valdo Cruz

    Delação da Odebrecht e eleição de Trump complicam cenário para Temer

    14/11/2016 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 07-11-2016, 12h00: O presidente Michel Temer, acompanhado dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Gilberto Kassab (Ciencia Tecnologia Inovação e Comunicações), durante cerimônia de Migração de Rádios AM para FM, no Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O presidente Michel Temer, em evento no Planalto sobre migração de rádios, na segunda (7/11)

    BRASÍLIA - De repente, o mar ficou revolto para o presidente Temer nesta reta de final de ano. O cenário brasileiro mudou com a vitória de Donald Trump e a proximidade da delação da Odebrecht. Dois fatores que lançam incertezas e vão obrigar o governo a fazer ajustes de rotas.

    O Palácio do Planalto confiava num encerramento de ano mais tranquilo, com a aprovação do teto dos gastos públicos, nova redução da taxa de juros e uma economia já dando sinais de crescimento.

    Pois bem. Antes mesmo da vitória do republicano, a equipe econômica já havia alterado suas previsões. Saiu de cena um crescimento de 1,6% do PIB em 2017. Entrou no seu lugar a esperança de que seja de 1%.

    Depois da eleição de Trump, ficou pior. A receita do futuro presidente dos Estados Unidos é inflacionária. Ele quer aumentar gastos e reduzir impostos. Resultado: o Federal Reserve, o banco central de lá, terá de reagir. Os juros americanos podem subir mais do que o esperado.

    Efeito aqui: dólar em alta, pressões inflacionárias e dúvidas sobre o ritmo de queda da taxa de juros no Brasil. Péssima notícia para o presidente Michel Temer, que conta com a redução dos juros para vitaminar o crescimento brasileiro.

    Enquanto isso, a delação da Odebrecht, com seu potencial estrago no mundo da política, fez investidores pisarem no freio. O pessoal que estava disposto a investir aqui depois que Temer virou presidente efetivo voltou a dar uma parada estratégica, péssima para o crescimento.

    Para piorar, a crise fiscal dos Estados deve provocar um atraso em cascata do pagamento do 13º salário em boa parte do país. Daí, se hoje temos protestos e confusões no Rio, em dezembro isso pode se alastrar.

    Tudo junto e misturado, Temer terá um dezembro complicado. A única vantagem é que a piora do cenário reforça a necessidade de aprovar reformas, como a do teto dos gastos públicos. O que se espera é um senso de urgência do Congresso.

    valdo cruz

    Escreveu até fevereiro de 2017

    Foi repórter especial da Folha. Cobriu os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília.

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