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    Vanessa Grazziotin

    Juventude reage ao arbítrio

    08/11/2016 02h00

    A ocupação de centenas de escolas e universidades por estudantes tem se revelado uma corajosa e consciente manifestação de protesto contra a política de desmonte da educação, dos serviços públicos e do próprio país.

    É na defesa da educação pública e da democracia que milhares de estudantes se mobilizam. Começaram a ocupar as escolas numa reação firme contra a violência que é impor à sociedade, sem diálogo, projetos como a reforma do ensino médio, a Escola Sem Partido e a PEC 241 — agora, no Senado, PEC 55.

    É mais uma contribuição à longa trajetória de lutas de nossa juventude. Em todas as memoráveis campanhas patrióticas, os jovens sempre estiveram na primeira fileira. Foi assim no "Petróleo é Nosso", na criação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Segunda Guerra, no combate à ditadura militar, nas Diretas-Já e na redemocratização do país.

    Nos governos Lula e Dilma, os jovens participaram ativamente de grandes conquistas educacionais: 422 escolas técnicas, 18 universidades federais, 173 campis, ProUni, Fies e Enem. Em apenas 12 anos, o Brasil matriculou mais 3,5 milhões de jovens no ensino superior, a mesma quantidade que todos os demais governos matricularam nos 500 anos que governaram.

    Agora é contra a destruição desse legado que milhares de estudantes se mobilizam. A ocupação de escolas é a reação natural contra a violência do "governo" Temer nas esferas política, pedagógica e policial, pois, trata-se de uma administração sem respaldo e confiança da sociedade, que impõe medidas antipopulares e ainda trata com truculência os legítimos movimentos reativos de protesto e resistência.

    Infelizmente, essa onda arbitrária atingiu na última sexta (4) integrantes do movimento social. A polícia invadiu, sem mandado judicial, a Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST. Fortemente armada, disparou tiros e criou pânico num local onde estavam convidados estrangeiros, crianças, adolescentes e idosos.

    A Anistia Internacional prontamente condenou essa violência: "O Brasil vive ainda uma estrutura agrária, onde a violência contra trabalhadores rurais e a criminalização dos movimentos sociais colocam em risco direitos fundamentais no campo. Isto é um precedente perigoso para o Estado Democrático de Direito. Todos perdem neste cenário".

    A defesa da democracia se impõe como a luta central diante da onda de agressão e intimidação que atinge o país. Nossa liberdade está sendo violentada. Se hoje são estudantes, trabalhadores rurais e ativistas sociais, amanhã serão todos os demais segmentos sociais, pois, quando não se reage ao arbítrio em algum momento, todos nós seremos vítimas dele.

    É farmacêutica, senadora pelo PCdoB do Amazonas e procuradora especial da mulher do Senado.

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