• Colunistas

    Monday, 06-May-2024 09:52:08 -03
    Vanessa Grazziotin

    Eleições diretas já para pacificar a nação

    20/12/2016 02h00

    Kevin David/A7 Press/Folhapress
    SAO PAULO, SP, 13.12.2016: Ato Contra a PEC 55 - Manifestantes, entre a maioria da Universidade de Sao Paulo (USP), durante ato contra a PEC55. Concentracao na Praça do Ciclista, Avenida Paulista na regiao central da cidade de Sao Paulo (SP), na manha dessa terca-feira (13). (Foto: Kevin David / A7 Press). *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Manifestantes participam de ato em São Paulo contra a PEC do Teto de Gastos

    A grave e generalizada crise por que passa o país exige uma saída rápida, o que só é possível atacando a essência e não apenas os sintomas do problema. O centro da instabilidade está na ruptura do Estado de Direito, a partir do golpe que cassou o mandato da presidenta Dilma sem crime tipificado.

    Isso fez com que todos se sentissem à vontade para cometer arbítrios e exageros, como os exemplos demonstram. Quando ocorreu a ilegal e abusiva condução coercitiva do ex-presidente Lula, que nem sequer havia sido notificado para depor, esse arbítrio foi saudado, comemorado e aplaudido por certos segmentos, entre os quais um pastor evangélico que hoje esbraveja por ter sido vítima de um ato semelhante.

    Os fatos se seguem. O presidente do Senado não cumpre uma decisão judicial. Um membro do Judiciário anula votação da Câmara dos Deputados. Manifestações públicas são duramente reprimidas. Os vazamentos de processos sigilosos se multiplicam. E o presidente e seus assessores praticam abertamente advocacia administrativa, em favor de interesses privados.

    Um fato "tolo", ocorrido no Parlamento, passou despercebido. O presidente do Senado antecipou do dia 22 para 16 o fim do período legislativo. Fechou o plenário para evitar votações e mesmo debates, desnudando a tática do governo: encerrar 2016 antes do dia 31 de dezembro, na tentativa de interromper a sequência de desgaste que marca a sua breve e conturbada trajetória.

    Enquanto isso a crise se agrava. Todo dia se perdem milhares de postos de trabalho. Os parcos recursos públicos (dinheiro do povo) são canalizados para os abarrotados cofres dos rentistas. Os escândalos e as delações contra seu "governo" se multiplicam e ameaçam esgotar o estoque de tornozeleiras eletrônicas.

    Segundo análises, inclusive de membros do próprio "governo", não há tática nem manobra capaz de estancar a crise, em decorrência da corrosão crescente da economia e da política.

    Esse "governo" chegou ao fim. Mas, quanto mais se afunda em escândalos de corrupção e na reprovação popular, mais ele se volta contra o povo. A "PEC da Morte" e a deformação da Previdência imporão duros sacrifícios à população, sobretudo aos mais pobres.

    Parte de seus apoiadores já trata abertamente da substituição do condutor da ponte que se revelou uma pinguela. Querem eleições indiretas no Congresso Nacional, o que será, a nosso ver, um fator de agravamento da instabilidade.

    Nossa convicção é de que só a realização de eleições diretas para presidente poderá pacificar a nação. Temer precisa renunciar imediatamente. Esse é o sentimento geral do povo brasileiro. Essa é a única saída para a crise.

    É farmacêutica, senadora pelo PCdoB do Amazonas e procuradora especial da mulher do Senado.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024