O professor João Feres Jr., da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, postou em um site chamado Manchetômetro um artigo "acusando" esta ombudsman de escrever uma coluna sobre o conteúdo da cobertura política da Folha sem citar seu trabalho nem uma conversa que tivemos na semana passada.

No texto, Feres Jr. tenta fazer crer que desisti de falar de seu site porque ele revelaria a tendenciosidade do jornal. Bobagem.

Em 3/12/2010, o jornal deu uma página inteira com os resultados do mesmo levantamento, que então se chamava Doxa e era coordenado pelo professor Marcus Figueiredo —este, na ocasião, também escreveu um longo artigo. Figueiredo, segundo Feres me informou, morreu no início deste ano.

Preferi usar meu próprio levantamento porque percebi na conversa que tivemos e, depois, nos artigos que li, em seus posts no Facebook e nos grupos de discussão de que o professor participa que ele é defensor ardoroso da candidatura de Dilma Rousseff.

Militar por uma candidatura é perfeitamente legítimo, mas ficou difícil confiar na independência de seu julgamento e referendar seu estudo sobre a parcialidade alheia.

Quando pus fim à conversa em que ele derivou para o acusatório porque questionei seus critérios, o professor se desculpou e disse ser um apaixonado pelo que faz. Pois é: no meu ofício (e no tema em questão), paixão como essa é problema. Racionalidade é o nome do gol.

Eu não teria nenhum problema em publicar suas avaliações desde que o leitorado da Folha fosse informado de que seu autor apoia a campanha petista —mas imagino que o professor não ficaria muito satisfeito e me acusaria de tentar desqualificar o trabalho que ele desenvolve.

Também não ficariam satisfeitos os leitores que não rezam pela mesma cartilha dele e que, com razão, poderiam questionar qual o interesse da ombudsman em abrir espaço para um levantamento produzido por alguém com tais convicções políticas.

O professor pode construir a fábula que melhor servir a seus propósitos. Meu compromisso é com os milhares de leitores da Folha, cada um com crenças, preferências e convicções próprias.