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    Vera Guimarães Martins

    Ora, bolas, o leitor...

    08/11/2015 02h00

    Já comentei neste espaço a decisão da Folha de eliminar do site um índice que trazia os títulos de todas as matérias publicadas diariamente no jornal. Simples e objetivo, o índice era muito usado por leitores que trocaram o impresso pelo digital, mas mantiveram a mesma dinâmica de leitura propiciada pelo papel: confere-se os títulos de cada editoria e lê-se só o que interessa, mas sem perder a noção do conteúdo publicado. Por ele, era possível saber o que havia "saído na Folha" no dia.

    Três semanas após a eliminação do recurso, continuam a chegar mensagens de inconformados que contestam a decisão e a resposta da direção do jornal, além de trecho da minha coluna de então. Critiquei a falta de transparência, mas observei que mudanças tecnológicas são inevitáveis. Os leitores me convenceram de que não é o caso aqui.

    Voltei a consultar a Direção de Redação, com novos argumentos, mas não houve avanços. "A Folha entende que já ofereceu uma boa solução para esse caso, conforme relatado na resposta original."

    Repito em linhas gerais a nota original (a íntegra está na página digital da ombudsman): "O conteúdo continua disponível em versão mais rica, agregando recursos como fotos, infográficos, vídeos e links. O material publicado no site indexa também o que sai no impresso, além de conteúdos exclusivos do digital".

    Só que sem a edição. "Se eu ainda pago um jornal, mesmo dispensando o papel, é porque valorizo a curadoria de informação que a edição proporciona, que me ajuda a formar opinião e ampliar a intersecção dos assuntos de meu interesse com o que é relevante. Se a preocupação passa a ser a oferta de uma 'edição mais rica', com mil coisas, o jornal se aproxima de um portal ou agregador de notícias", escreveu Rogério Colombini Medeiros.

    Sem prioridade: "Como leitor fiel, tenho que dizer: com todo o conteúdo do impresso e do digital, mais TV e publicidades mil, a Folha tem o site jornalístico mais poluído e sobrecarregado do planeta. Parece a Broadway à noite. Para quem é leitor-turista, pode ser divertido. Para quem lê diariamente, péssimo. É um conceito (equivocado) de informação visual. Faltam leveza e praticidade; é isso o que o leitor quer, principalmente por não ter tempo pra ficar navegando", diz Jason Tércio.

    Sem dar opção: "A Folha pode inserir as informações que quiser, colocar fotos e o diabo a quatro, só não pode abrir mão de um simples índice geral, onde podemos ver os títulos das matérias e os autores, sem ficar pulando de galho em galho. Do jeito que está não corresponde ao jornal do dia", afirma o jornalista Jaime Pereira da Silva, 63.

    Sem transparência: "Tenho a sensação de que fui ludibriado, tangido pelo marketing da empresa a uma assinatura mais cara do digital. Recuso-me a isso. Houve claro desrespeito do jornal com seus leitores", diz Antônio Siúves.

    Sem razões claras: "Com tantas imagens e infográficos, a Folha está segregando leitores com planos pré-pagos e pacotes de dados limitados. Fico com a hipótese de que o jornal quer forçar mais cliques para artificialmente aumentar audiência. Você é obrigado a buscar editoria por editoria —quem tem tempo pra isso?", indaga Henrique Favre.

    E, sobretudo, sem necessidade. "Não houve mudança tecnológica, apenas a remoção de um recurso útil, por motivos de simplificação do processo editorial, percepção excessivamente simplificadora do produto ou uma decisão de negócios. Disso [as razões] não sei, mas a desinformação traz desconfianças. É um produto pelo qual pagamos e que ficou pior", pontuou o psicólogo e professor Marcos Benassi, 45.

    Minha posição é que o jornal deveria ressuscitar o índice. Não o fazendo, que pelo menos dê uma explicação razoável a quem lhe continua fiel numa transição delicada, que ninguém sabe como terminará.

    *

    O FIM DO ÍNDICE DO IMPRESSO NO SITE

    Íntegra da resposta da Direção de Redação sobre a eliminação do índice diário de matérias publicadas no jornal.

    "A página com o índice de textos da versão impressa da Folha existia porque o jornal antes não publicava todo seu conteúdo no site principal. O conteúdo que era lido ali continua disponível, e em uma versão mais rica do que a do índice, agregando aos textos recursos como fotos, galerias de fotos, infográficos, vídeos e links. Com isso, é possível centralizar numa mesma URL todas as interações com determinado conteúdo do jornal. O material publicado no site indexa também o que sai no impresso, além de conteúdos exclusivos do digital. Exemplos dos índices:

    Caso tenha alguma dúvida ou dificuldade, por favor escreva para leitor@grupofolha.com.br"

    *

    Cristiano Zanin Martins, advogado de Luis Cláudio Lula da Silva, enviou mensagem em que contesta a coluna "Minha casa, minha vida", publicada no domingo passado (1º). Leia íntegra e respostas aqui.

    vera guimarães martins

    Escreveu até julho de 2016

    Jornalista, foi ombudsman da Folha. Atualmente é repórter especial. Está no jornal desde 1990.

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