• Colunistas

    Monday, 06-May-2024 10:51:59 -03
    Vinicius Mota

    2015

    13/05/2013 03h00

    SÃO PAULO - A dinâmica da etapa hiperfinanceira do capitalismo global, que entra na sua quarta década de vigência, tem produzido crises periódicas e violentas. Brasil e México foram vítimas da primeira onda, no início da década de 1980.

    A economia mexicana seria atingida de novo mais de dez anos depois. Seguiram-se abalos no sudeste da Ásia, na Rússia e, já no raiar do século 21, na Argentina.

    A afluência chinesa produziu um curto período de graça, interrompido no final de 2008 pelo choque nos Estados Unidos e na Europa.

    Ao longo desse ciclo, resolver uma crise significou plantar as sementes de outra no futuro. A conversão das dívidas habitacionais das famílias americanas em títulos, capazes de originar outros papéis negociáveis no circuito da finança global, tirou o país da letargia nos anos 80. Mas foi a base da derrocada décadas depois.

    Uma das consequências prováveis do modo como a crise atual está sendo resolvida será um abalo, cedo ou tarde, nas chamadas economias emergentes. A valorização de preços associados a nações como o Brasil dá mostras de ter esbarrado em limites sólidos.

    O avanço das commodities metálicas, energéticas e agrícolas se dissipa na forma de inflação, que acomete brasileiros, chineses e quase todos os povos emergentes de maneira semelhante. Nessas nações, o preço dos imóveis galopou, numa onda mais ou menos sincrônica.

    Desacelera-se o motor chinês, que, em conjunto com os juros nulos e os deficit monumentais dos ricos, sustenta a estabilidade modorrenta neste pós-crise.

    Não está à vista abalo no curto prazo, mas a piora constante de indicadores já ficou difícil de reverter. Um ajuste brusco de contas pode estar encubado até 2015.

    Em vez de aumentar suas defesas para uma provável tempestade, o Brasil está se tornando mais vulnerável nas finanças.

    Conhecemos esse filme.

    vinicius mota

    É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
    Escreve às segundas-feiras.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024