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    Vinicius Mota

    O freio da ignorância

    20/05/2013 03h30

    SÃO PAULO - O século 21 avança depressa, e o período de alta vigorosa do PIB no final da década passada parece cada vez mais a exceção num longo período de quase 35 anos de desempenho rasteiro. Mas por que o Brasil está há tanto tempo nesse labirinto da renda média, sem perspectiva de encontrar logo a saída?

    Haverá decerto mais de uma resposta correta, e a melhor delas conjugará um feixe de fatores preponderantes. Dívida externa, experimentos macroeconômicos desastrosos e desestímulo à poupança e ao investimento estão entre eles.

    A vizinhança tampouco ajudou. No entorno da China estão Japão, Coreia do Sul e várias nações dinâmicas da Ásia, todos comprometidos com a economia de mercado e obsessivos competidores globais nas cadeias de alto valor industrial.

    No entorno do Brasil está provavelmente a maior concentração mundial de bravateiros nacionalistas. Abundam regimes populistas de nações especializadas na produção de comida, pedra e óleo.

    Mas o Brasil possui dimensões de continente. Teria condições plenas de conectar-se ele próprio ao circuito global do conhecimento, da inovação e da eficiência.

    Se não fez isso, foi também porque, geração atrás de geração, nossas lideranças negligenciaram o investimento profundo e maciço em educação. Nesse quesito, curiosamente, o nacional-desenvolvimentismo, de direita ou de esquerda, costuma exibir desempenho péssimo.

    Tem sido pródigo em distribuir regalias a empresários, criar amarras contra a competição externa, fabricar oligopólios domésticos e manipular preços. Relegou, porém, a nota de rodapé as necessidades de criar conhecimento e de elevar depressa a instrução e, assim, a produtividade dos brasileiros.

    Sem plano ambicioso para a educação, a expectativa de acelerar a economia num horizonte visível continuará prejudicada.

    vinicius mota

    É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
    Escreve às segundas-feiras.

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