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    Vinicius Mota

    Epidemia de roubos

    07/07/2014 02h00

    SÃO PAULO - A polícia, o Ministério Público, a Justiça e a administração penitenciária exerceram papel importante na redução dos homicídios no Estado de São Paulo. A taxa de assassinatos caiu mais de dois terços, de 35 casos a cada grupo de 100 mil habitantes, em 1999, para 11 em 2013.

    No mesmo período, entretanto, as ocorrências de roubo não saíram do lugar. Variaram em torno dos 600 registros por conjunto de 100 mil paulistas. Essa taxa, que já é uma enormidade sob quaisquer parâmetros, quase dobra se forem incluídos roubos e furtos de automóveis.

    Como o roubo implica subtração de um bem "mediante grave ameaça ou violência", costuma deixar sequelas físicas e psicológicas nas vítimas. Contribui para sedimentar a sensação de insegurança, que desponta em pesquisas de opinião.

    Por que a conjunção de esforços que ajudou a reduzir os assassinatos não se repete no caso dos roubos? Na verdade, diminuir a incidência do crime patrimonial é mais difícil –e diz mais sobre as deficiências atávicas das autoridades paulistas– do que combater o homicídio.

    Em primeiro lugar, existe o problema da escala. Mesmo no auge da matança, os casos anuais de homicídio não passaram de 13 mil no Estado. O total de registros de roubo, incluindo os de veículos, foi da ordem de 350 mil em 2013.

    Ainda que fosse dotada da capacidade técnica e dos recursos das melhores corporações do mundo, a polícia paulista teria de fazer escolhas, priorizar ocorrências e quadrilhas, a fim de puxar a linha que leva à redução do crime. Ela não demonstra competência nesse quesito.

    Delitos patrimoniais também favorecem a corrupção policial. Há tiras ávidos por achar o ladrão não para entregá-lo à Justiça, mas para dividir o butim. A corrupção, especialmente na Polícia Civil, é uma chaga jamais cicatrizada em 20 anos de governo do PSDB em São Paulo.

    vinicius mota

    É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
    Escreve às segundas-feiras.

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