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    Vinicius Mota

    Rematado fracasso

    07/12/2015 02h00

    SÃO PAULO - Corre a versão de que o plano de reorganização escolar do governo Alckmin (PSDB) caiu mais pela forma atabalhoada com que foi apresentado à sociedade e menos pelos seus méritos. Que méritos?

    Aglutinar crianças pela faixa etária, argumenta o governo, tende a melhorar o desempenho escolar. Pesquisadores tarimbados da educação, contudo, duvidarão dessa premissa e dos cálculos e modelos, simplórios e lineares, que a embasam.

    Se as crianças estão expostas aos mesmos professores, à mesma rotina de aulas e à mesma gestão escolar, não há por que esperar resultados significativamente melhores da mera realocação de turmas. Outras variáveis deveriam ser testadas antes de endossarmos a opinião do governo.

    Dificilmente vai-se chegar à conclusão de que valeria gastar tamanha energia num programa de alcance tão restrito. A proposta possui os mesmos defeitos do governador Alckmin: medrosa, burocrática, carente de imaginação e de ousadia.

    A gestão tucana propagandeia que o Estado figura no topo da classificação do Ideb, índice federal de proficiência dos alunos. Lança mão de outra continha parcial na tentativa de convencer o público.

    São Paulo tem a maior renda per capita entre os Estados (excetuado o Distrito Federal), quase 50% acima da nacional, mas o desempenho dos adolescentes paulistas no ensino médio é menos de 10% superior à média brasileira. As crianças paulistas de 10 anos perdem das mineiras, das paranaenses e das goianas.

    A renda por habitante de São Paulo se compara à de Chile, Polônia, Rússia ou Hungria. O desempenho em matemática dos paulistas de 15 anos no teste internacional Pisa, entretanto, fica muito aquém do obtido nessas nações.

    A educação paulista é um rematado fracasso se a régua usada para medi-la for o nível de renda do Estado. O PSDB, há 21 anos no governo, é responsável por esse fiasco.

    vinicius.mota@grupofolha.com.br

    vinicius mota

    É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
    Escreve às segundas-feiras.

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