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    Vinicius Mota

    Cuidado! O coro anti-Trump pode causar ilusão de ótica

    25/07/2016 02h00

    Jim Watson/AFP
    Anti-Donald Trump protesters climb over a barricade as they march through closed streets in Cleveland, Ohio, near the Quicken Loans Arena site of the Republican National Convention July 18, 2016. / AFP PHOTO / JIM WATSON ORG XMIT: JIM012
    Manifestantes contrários a Trump protestam em Cleveland, perto do local da convenção republicana

    SÃO PAULO - Proibir o comércio de armas de fogo no Brasil. Ratificar a inclusão do Reino Unido na União Europeia. Derrotar Donald Trump nos EUA. Em comum, cada um dos enunciados tem o poder de galvanizar alinhamento automático dos atores e organizações que mais têm voz no mundo contemporâneo.

    Veículos de mídia, jornalistas, artistas, intelectuais, empresários e executivos globalizados aglutinaram-se a favor das três proposições. Foram batidos nas urnas nas duas primeiras —no referendo brasileiro, em outubro de 2005, e no plebiscito britânico, em junho de 2016.

    O coro anti-Trump que essa coalizão do bem entoa agora ajuda, provavelmente, a subestimar na opinião pública as chances de vitória do republicano em novembro.

    A dissonância entre o consenso das fatias mais vocais da sociedade, de um lado, e o sentimento do eleitor médio, do outro, funda-se na heterogeneidade dos valores. A paleta de crenças, mesmo nas democracias ricas e maduras, comporta mais cores do que os liberais enxergamos.

    O "World Values Survey", um dos mais profundos e extensos painéis sobre o tema, mostra que apenas algumas nações escandinavas realizam os ideais de máxima autonomia do indivíduo e de largo domínio do secularismo racional.

    Nos EUA, ainda se dá mais peso relativo a valores como religião, laços familiares tradicionais e nacionalismo, apesar de esse traço ter-se atenuado nas últimas décadas. O Reino Unido pouco se desloca da característica de sua ex-colônia americana.

    Países anglófonos ficam muito distantes do perfil secularizado das nações asiáticas influenciadas pelo confucionismo, como Japão, China e Coreia do Sul.

    O Brasil, mais tradicionalista que os EUA, ombreia-se com nações islâmicas menos radicais, como Argélia e Iraque. Brasileiros são mais ligados a valores tradicionais que argentinos, chilenos e uruguaios.

    Reprodução
    Gráfico sobre valores do painel "World Values Survey
    Gráfico sobre valores do painel ""World Values Survey"
    vinicius mota

    É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
    Escreve às segundas-feiras.

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