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    Vinicius Mota

    Ranking escancara baixa produtividade dos governos

    29/08/2016 02h00

    REM-F
    Comparação do REM-F entre Porto Alegre (RS) e Crato (CE)
    Comparação do REM-F entre Porto Alegre (RS) e Crato (CE)

    SÃO PAULO - O Brasil tem municípios demais, diz uma crítica frequente. A redemocratização teria deflagrado uma onda descontrolada de emancipações locais e legado máquinas burocráticas insustentáveis espalhadas pelo território nacional.

    Os Estados Unidos, também populosos e continentais, têm cerca de 20 mil municipalidades, quase o quádruplo das brasileiras. A diferença é proporcional à distância entre as duas nações na renda per capita.

    Mais importante que o número ou a expansão recente das prefeituras brasileiras talvez seja a ineficiência com que novas e velhas municipalidades gastam os recursos dos impostos, sejam eles próprios ou transferidos do Estado e da União.

    Em relação à receita per capita da prefeitura, qual é a cobertura do ensino das crianças até 5 anos, da saúde básica, do saneamento e da coleta de lixo, todos encargos do governo local? A essa pergunta pretende responder o novo Ranking de Eficiência dos Municípios da Folha.

    O debate se qualifica. A receita municipal do Crato, no sul do Ceará, é 55% inferior à média nacional, mas seu desempenho supera o parâmetro em educação (+31%), saúde (+5%) e saneamento (+20%). Em Porto Alegre, o quadro é quase o oposto: recursos acima da média brasileira; indicadores em saúde e educação abaixo.

    O REM-F reforça a hipótese de que uma decadência secular ameaça a região outrora pujante, e ainda relativamente rica, que se estende do centro do Paraná ao sul gaúcho. Ali a população envelhece depressa, e os compromissos com servidores ativos e inativos cobram recursos que poderiam elevar o bem-estar geral.

    Ferramentas como o novo ranking, que mostra grandes variações de desempenho municipal, permitem iluminar o enorme potencial de avanço da produtividade no setor público brasileiro. O Estado pode fazer mais com os mesmos recursos se derrotar clientelas que o parasitam.

    vinicius mota

    É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
    Escreve às segundas-feiras.

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