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    Vinicius Mota

    Provável vitória de Crivella no Rio será um marco para movimento evangélico

    17/10/2016 02h00

    Divulgação
    Marcelo Crivella durante evento de campanha no Rio

    SÃO PAULO - A disputa, a esta altura quase simbólica, pela Prefeitura do Rio de Janeiro talvez seja o fato sociologicamente mais interessante destas eleições municipais, elas próprias cheias de novidades.

    Marcelo Freixo, mais querido nas elites, mostra que o PSOL jamais ocupará o lugar deixado pelo recolhimento do PT. A sigla de Freixo ainda vive nas brechas produzidas pelo entrechoque dos grandes partidos, embalada nas paixões fugidias de um eleitorado jovem e metropolitano.

    A trajetória do PSOL em seus 12 anos de idade não faz sombra à impressionante marcha do petismo de 1980 a 1992.

    Vem da provável vitória do adversário de Freixo, o popularíssimo Marcelo Crivella, o acontecimento marcante deste certame. Pela primeira vez, um candidato egresso da denominação mais coesa e simbólica do movimento neopentecostal brasileiro credencia-se para governar uma capital com o porte e as tradições do Rio.

    Crivella não é só mais um político a ter militado na Igreja Universal do Reino de Deus. É sobrinho de Edir Macedo, fundador da organização. O longo esforço de Crivella para distanciar-se da etiqueta da Iurd, óbvio passivo em pleitos majoritários, está prestes a ser recompensado.

    Se Crivella se descola da Universal, a marca do levante evangélico não sai dele. Esse movimento, popular demais para ser abraçado pela centro-direita tucana e conservador demais para a centro-esquerda petista, talvez consiga afinal eleger gente egressa de seus próprios quadros, e não apenas para o Legislativo.

    Os evangélicos, mal compreendidos e muitas vezes tratados com preconceito no lado de cá do túnel Rebouças, recusaram o paternalismo oferecido seja pelo catolicismo tradicional, seja pelo progressista. Vão atrás do próprio pão. Cultuam o progresso individual e a coesão familiar.

    Esses sinais de vitalidade não deveriam ser desprezados.

    Pesquisa Datafolha Rio de Janeiro 2016 2º Turno

    vinicius mota

    É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
    Escreve às segundas-feiras.

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