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    Vinicius Mota

    Sem derrota de Temer na Previdência, janela da esquerda para o poder se estreita

    01/05/2017 02h00

    Nelson Antoine/Folhapress
    Manifestantes realizam ato contra as reformas trabalhista e da Previdência no largo da Batata (zona oeste de São Paulo), na sexta (28)

    SÃO PAULO - A centro-esquerda tem à disposição uma última grande cartada para transformar o Brasil em exceção à onda de centro-direita que engolfa nações do Ocidente. Para isso, precisa derrotar a reforma previdenciária do governo Temer.

    O Datafolha simulou a eleição presidencial num quadro de fim de linha para políticos que avistaram a Medusa da Lava Jato e no fundo do vale da recessão.

    A centro-esquerda torna-se mais competitiva nesse ambiente não apenas pelo resultado de Lula. A ausência do aiatolá petista, resultante de possível condenação judicial, seria preenchida por Ciro Gomes em condição favorável de partida.

    O tempo, entretanto, trabalha contra o prolongamento do cenário até a eleição de outubro de 2018. A recuperação cíclica da economia tende a transmitir a eleitores esfolados de hoje a mensagem de que algum sacrifício reformista vale a pena.

    Como Lula se beneficia ironicamente do impeachment, pois estaria trucidado se Dilma Rousseff estivesse no comando, qualquer candidato suficientemente distanciado dos escândalos e identificado com a abertura econômica será favorecido se tudo correr como planeja Temer.

    Para que sua janela rumo ao poder não se estreite, resta à centro-esquerda derrotar a reforma da Previdência, o que faria propagar ondas de choque da crise até o pleito presidencial. O desalento poderia levar um Bolsonaro para o segundo turno, adversário dos sonhos de Lula ou Ciro.

    Apesar de não ter votos para derrubar o projeto no Congresso, a centro-esquerda conta com um poderoso aliado: a república corporativista do Brasil, difícil de ser derrotada se jogar em harmonia.

    Já nas ruas, a batalha parece mal encaminhada com uma "greve geral" para convertidos e sindicalistas prestes a perder boquinha de R$ 3 bilhões. A volta da violência nos protestos tampouco ajuda as pretensões da centro-esquerda.

    vinicius mota

    É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
    Escreve às segundas-feiras.

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