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    Vinicius Mota

    Temer duelará contra ninguém na primeira batalha parlamentar pelo seu pescoço

    31/07/2017 02h00

    Ian Cheibub/Folhapress
    Presidente Michel Temer faz pronunciamento sobre o uso das Forcas Armadas no Estado do Rio
    Presidente Michel Temer faz pronunciamento sobre o uso das Forcas Armadas no Estado do Rio

    Abriu-se o ciclo da última prova de resistência de Michel Temer. Caso ele sobreviva até o final de setembro, é provável que as energias para destituir o presidente se dissipem de vez no cálculo de custos e benefícios da política.

    Embora o mecanismo -a denúncia por crime comum- seja novo, o procedimento para depor o chefe do Executivo federal já foi testado duas vezes na Nova República. Seu rubicão é a desconfiança de dois terços dos deputados federais no presidente. Atingido esse placar, os desdobramentos são quase automáticos.

    Não se deve dar tanto crédito ao invólucro jurídico desses processos. A arbitragem será, a exemplo dos casos Collor e Rousseff, sobretudo política. Como é usual nas disputas de poder, os deputados vão decidir entre o presidente no cargo e aquele que herdaria o Planalto em caso de queda.

    À diferença das outras duas "eleições indiretas" deste período democrático, agora não há um polo opositor forte a atrair os descontentes.

    Tucanos afoitos, logo após o estouro do escândalo da JBS, organizaram uma conspirata de apartamento em torno de Tasso Jereissati. Deu tudo errado. Até hoje não decidiram nem sequer se saem do governo.
    Depois veio o ensaio de Rodrigo Maia. No arranque inicial, o presidente da Câmara pareceu que confrontaria Temer, mas resfolegou logo em seguida e abortou a investida.

    Um dos presidentes mais impopulares da história, Michel Temer duelará contra ninguém na primeira batalha parlamentar -se é que ela vai acontecer- pelo seu pescoço. Desse jeito, sua derrota fica improvável.

    Não há de ser bom sinal o fracasso do sistema político em apresentar alternativa a um presidente cuja capacidade de liderar o país e o Congresso foi arruinada. Os partidos tradicionais continuam atrelados aos velhos oligarcas de sempre. A cidadania parece exausta e resignada.

    vinicius mota

    É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
    Escreve às segundas-feiras.

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