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    Vinicius Mota

    Economia tende a colocar terceiro elemento na disputa presidencial

    13/11/2017 02h00

    Marlene Bergamo/Folhapress - Marcus Leoni/Folhapress
    1 - SAO PAULO - SP - PODER - O ex-presidente Lula participa da abertura da Plen?ria Estatut?ria da CUT nacional.- 28.07.2014. Foto Marlene Bergamo/Folhapress.2 -NATAL, RN, BRASIL, 08.06.17 10h A Folha acompanhou o deputado do Partido Social Cristao Jair Bolsonaro de Brasília a Natal. O deputado foi a capital do Rio Grande do Norte a convite da Uniao Nordestina de Produtores de Cana. (Foto: Marcus Leoni / Folhapress, PODER)
    O ex-presidente Lula (esquerda) e o deputado federal Jair Bolsonaro

    SÃO PAULO - Os efeitos sensíveis de reviravoltas no ciclo econômico —numa nação relativamente complexa, remediada e populosa como o Brasil— são sempre defasados. A pior recessão em uma geração começou em meados de 2014, mas demorou bastante tempo para a ficha cair.

    O desemprego sustentou-se em níveis muito baixos até o final daquele ano, o que ajudou a reeleger governantes, como Dilma Rousseff e Luiz Fernando Pezão, diretamente responsáveis por escolhas calamitosas de política econômica. Em 2016, com a desocupação perto do pico histórico, a oposição ao PT e ao statu quo colheu estrondosa vitória nos municípios.

    A dinâmica territorial do veneno recessivo também mostrou-se heterogênea. Em 2014, todos os Estados do Nordeste, à exceção de Sergipe, cresceram acima da média nacional de 0,5%. A taxa da Bahia, o maior deles, foi quase cinco vezes a brasileira. Já São Paulo encolheu 1,4%.

    Naquele ano os votos nordestinos, somados aos da porção setentrional de Minas, deram a Dilma a mais apertada vitória presidencial neste ciclo democrático.

    O pau que bateu em Chico ladeira abaixo bate em Francisco morro acima. O desemprego demora a recuperar-se, embora a recessão tenha ficado para trás há quase um ano. Os Estados nordestinos ainda sofrem a dor aguda da depressão, situação superada em outras unidades.

    Além disso, a recuperação cíclica não trata uma grave sequela exposta no choque recessivo. Estados e municípios, provedores dos serviços de educação, saúde e segurança, estão falidos. Voltaram a explodir a violência e o homicídio juvenil, substrato típico para aventuras justiceiras.

    Por essas razões, se a eleição fosse hoje, as chapas antiestablishment de Lula da Silva e Jair Bolsonaro teriam impulso extra. A evolução provável do quadro econômico nos próximos meses tende a colocar nesse jogo um terceiro elemento.

    vinicius mota

    É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
    Escreve às segundas-feiras.

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